Título: "Agricultor terá de ser mais produtivo"
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/07/2006, Economia & Negócios, p. B14

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, diz que as propriedades rurais cujos donos queiram ficar livres da possibilidade de desapropriação para fins de reforma agrária precisam elevar os índices mínimos de produtividade.

"Os índices (atuais) são inaceitáveis, premiam a improdutividade e impedem o andamento mais rápido da reforma agrária", afirma Cassel. Os estudos para a mudança já estão no Palácio do Planalto à espera de decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O trabalho foi coordenado pelo chefe de gabinete do ministro, Caio França, com a ajuda do ex-ministro José Graziano (Combate à Fome) e de técnicos do Ministério da Agricultura.

Na seguinte entrevista, Cassel garante que, apesar de tudo, os produtores não têm o que temer:

Quando os novos índices começarão a ser aplicados? Todo o trabalho técnico está pronto. Aguarda apenas decisão do presidente da República para ser oficializada.

E quando o presidente Lula vai tomar a decisão final? Estamos aguardando a melhor oportunidade para fazer a revisão. Tudo o que tinha de ser feito do ponto de vista técnico está pronto.

Como o senhor se sente ao saber que o ministro Roberto Rodrigues pediu demissão por causa do anúncio das mudanças?

É uma injustiça dizer que o ministro saiu por causa disso. Não foi.

O senhor não acha que haverá resistências dos proprietários a esses novos índices? Reconheço que é um tema delicado, mexe com interesses, mas é uma necessidade para o cumprimento de metas da reforma agrária.

Que segurança o produtor terá que suas terras não vão ser facilmente desapropriadas com a mudança no sistema? Todas. Nosso trabalho é técnico, completo, dá muita segurança a quem produz. Ninguém precisa ter medo. Será feito porque o índice de produtividade não é reajustado há 35 anos. E o Estado tem de fazê-lo.

O que há de errado com os índices atuais? Os índices são inaceitáveis, premiam a improdutividade e impedem o andamento mais rápido da reforma agrária. A intenção é agilizar e baratear a reforma agrária.

O senhor não teme a iniciativa agrave o problema no campo? Só os muito improdutivos têm a temer os índices. Interessa ao governo ter áreas produtivas.

Não tem sentido o fantasma de que o reajuste dos índices só atende a reforma agrária. Isso seria pouco inteligente.

A intenção é proteger a produtividade. A sociedade brasileira busca que toda área produtiva tenha um patamar mínimo de produtividade.