Título: Para tio de Filippi, ele não será um novo Delúbio
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/07/2006, Nacional, p. A7

O "tio Mário" - que emprestou R$ 150 mil para o novo tesoureiro da campanha à reeleição do presidente Lula, José de Filippi Júnior, pagar uma dívida de R$ 183 mil com a Justiça - afirma ter "nojo" de política, mas disse ter votado no sobrinho na eleição para prefeito de Diadema, em 2004. "Nele eu votei, é lógico", declarou ontem.

Ele defendeu Filippi, a quem classificou de honesto, e afirmou que, com o parente à frente da arrecadação de recursos para a campanha de Lula, o PT não corre o risco de ter um outro Delúbio Soares - que foi o principal articulador do mensalão, abou envolvido no escândalo do mensalão.

"Com ele vai ser um negócio limpo", afirmou "tio Mário". "Tenho certeza de que ele não será um novo Delúbio; de jeito nenhum."

Mário Moreira é proprietário de um supermercado em Cidade Ademar, extremo da zona sul de São Paulo, na divisa com Diadema. "No dia 6 de agosto vai fazer 43 anos que tenho o estabelecimento", declarou, acrescentando que trabalha "mais de 12 horas por dia".

O supermercado do comerciante encaixa-se na definição de Empresa de Pequeno Porte (EPP) e está inscrito no Simples paulista. Pela legislação, podem se beneficiar de ter uma alíquota menor de imposto as empresas cujo faturamento não tenha ultrapassado R$ 1,2 milhão no ano passado. Isso significa que o faturamento do estabelecimento, em 2005, não deve ter sido superior a R$ 100 mil mensais.

Questionado se tem algum envolvimento com a política, "tio Mário" foi enfático. "Graças a Deus nunca fui envolvido com política. Tenho nojo", afirmou. "Não gosto de política por causa desta sujeira; o que estão fazendo com o Filippi é uma sujeira."

Para ele, os autores das investidas contra seu sobrinho atendem pelo "pessoal do governo estadual". Ele não citou nomes. "Estão querendo desmoralizar o Filippi para dar a volta por cima, mas não vão conseguir, porque ele é um homem honesto."

"Tio Mário" disse não ter pressa em receber o dinheiro que emprestou para o prefeito de Diadema. "Ele não marcou prazo para pagar, mas também não tenho pressa porque está sendo corrigido pelo índice da poupança." Pelas contas do próprio prefeito, sua dívida já atinge R$ 190 mil. Segundo Filippi, o tio tem cerca de R$ 400 mil na poupança.

Na reeleição de Filippi para a prefeitura de Diadema, em 2004, seu tio doou R$ 1.000, de acordo com informações disponibilizadas pelo site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O comerciante, entretanto, disse não se lembrar se contribuiu com a candidatura nem quanto doou.