Título: Serra deve gastar R$ 45 mi; Mercadante, R$ 35 mi
Autor: Rodrigo Pereira, Ricardo Brandt e Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/07/2006, Nacional, p. A8

O PSDB apresentou ontem ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo a previsão de gastos para a campanha do ex-prefeito José Serra ao governo. O comitê tucano, que terá o ex-ministro da Justiça José Gregori como tesoureiro, estimou um teto de R$ 45 milhões, pouco mais de duas vezes e meia o que seu antecessor, Geraldo Alckmin, gastou para se reeleger em 2002 - cerca de R$ 17 milhões em valores corrigidos. Naquele ano, o PSDB apresentou um limite de R$ 25 milhões, total já atualizado segundo a inflação do período.

Para os candidatos a deputado federal e estadual, o PSDB apresentou gastos máximos de R$ 3 milhões e R$ 1,5 milhão, respectivamente. Os tucanos pretendem anunciar hoje, no lançamento das campanhas de Serra e Alckmin no Clube Pinheiros, as estratégias de arrecadação da campanha.

A previsão supera a estimativa dos principais adversários do PSDB, o senador petista Aloizio Mercadante (R$ 35 milhões) e o ex-governador Orestes Quércia (PMDB). Quércia deverá gastar até R$ 30 milhões.

Em 2002, Serra fechou sua campanha presidencial com dívidas de aproximadamente R$ 6 milhões. Agora, porém, a legislação proíbe que as contas em aberto sejam repassadas ao partido. Assim como o PT, o diretório estadual do PSDB teve suas contas de 2000 rejeitadas. O TRE recomendou a suspensão das cotas do fundo partidário, o que ainda depende de decisão do Tribunal Superior Eleitoral.

CRÍTICA

Em visita a Americana, ontem, Serra classificou como "burra", "infantil", "insana" e "insensata" a política econômica do governo Lula e disse que o Brasil tem adotado uma política externa de "aprendiz de feiticeiro" ao citar o acordo comercial firmado com a China. Americana é o maior pólo de indústrias de tecelagem do País, muito afetado pela entrada dos chineses no mercado nacional.

"O setor têxtil e de vestuário tem sido a maior vítima na área industrial da política econômica do governo, essa política insensata de juros e câmbios", disse. "Os chineses não estão invadindo o mercado porque são mais eficientes. É porque estamos com taxas de câmbio hipervalorizadas e porque o governo não controla a entrada irregular de mercadorias". Serra afirmou que, se eleito governador, assumirá uma "batalha" para que o País adote uma política econômica de desenvolvimento com estabilidade.

"Se ele (Serra) ainda quer ser candidato a presidente, deve convencer o PSDB", reagiu Mercadante, que abre sua campanha hoje com uma caminhada em Santos. "Suas previsões para o Brasil em 2002 foram tão furadas quanto a promessa de que ele ficaria na Prefeitura". O senador desafiou Serra a comparar os números das gestões FHC e Lula e cobrou o debate sobre os assuntos do Estado.