Título: PT confirma candidatura de mensaleiros
Autor: Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/07/2006, Nacional, p. A8

O PT paulista confirmou ontem a candidatura de vários personagens envolvidos no escândalo do mensalão ou na crise política que se sucedeu. Entre os 58 nomes de candidatos a deputado federal estão os do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e do ex-presidente do PT José Genoino. Todos os deputados petistas que se beneficiaram do valerioduto, enfrentaram processo de cassação na Câmara e foram absolvidos disputarão a reeleição: o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, José Mentor e Professor Luizinho.

A deputada Angela Guadagnin, defensora ferrenha do deputado cassado José Dirceu no Conselho de Ética, que ganhou fama com a "dança da pizza" após a absolvição do colega João Magno (PT-MG), também tentará renovar seu mandato. Dirceu é hoje um de seus principais cabos eleitorais.

Todos os deputados federais petistas tentarão a reeleição, como o presidente do partido, Ricardo Berzoini. Uma das novidades prometidas pelo partido, a vereadora Sonia Francine, a Soninha, ficou de fora da lista. Deve ser incluída posteriormente, driblando a proibição para que candidatos apresentem programas de TV fora do horário gratuito. Soninha é comentarista da ESPN e acompanha a Copa do Mundo.

Afastado após a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, Palocci tem buscado votos especialmente fora de Ribeirão Preto, seu berço político. Genoino ainda investe no chamado "voto de opinião" e tem recebido ajuda da juventude petista.

A campanha proporcional do PT será feita em coligação com o PC do B, que lançará à Câmara seu atual presidente, Aldo Rebelo, e o deputado Jamil Murad. Na corrida por uma das 94 vagas da Assembléia Legislativa, o PT inscreveu 113 nomes, que incluem a reeleição da maior parte da atual bancada e novidades como a líder sem-terra Diolinda Alves de Souza.

A direção do PT já avisou que não deverá repassar recursos para financiar as campanhas proporcionais. Acertou apenas distribuir um panfleto padronizado, para cada candidato, com menção à disputa majoritária. Ao contrário da eleição passada, quando o partido deu destaque no horário eleitoral gratuito a seus puxadores de voto, o tempo de rádio e televisão deverá ser dividido de modo equânime. Parte do horário será reservado somente para a propaganda institucional, com foco no voto de legenda.

"Recebemos a promessa de que não haverá favorecimento de nenhum concorrente", afirmou um candidato petista. "Nem para o presidente Berzoini". Cada candidato a deputado poderá gastar até R$ 2,5 milhões (federal) e R$ 1,5 milhão (estadual).