Título: Serra e Mercadante: revitalizar Santas Casas
Autor: Alexandra Penhalver, Clarissa Oliveira e Silvia A.
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/09/2006, Nacional, p. A8

Os planos de governo para a área da saúde em São Paulo de dois dos principais concorrentes ao Palácio dos Bandeirantes prevêem a reestruturação do setor a partir das Santas Casas. O tucano José Serra fala em "Proer da saúde" para acabar com as dívidas das unidades e Aloizio Mercadante (PT) aposta no investimento nas Santas Casas e nos hospitais universitários para revitalizar o setor. "Precisamos recuperar a estrutura existente", diz o petista.

Segundo Serra, as Santas Casas são vítimas de repasses insuficientes do governo federal para cobrir despesas com o Sistema Único de Saúde (SUS) e ele usaria o peso político de São Paulo para renegociar as dívidas.

O candidato Orestes Quércia (PMDB) defende a renegociação da dívida do Estado com a União, que classifica de "injusta e mal negociada". Se o Estado passar a usar 5% de suas receitas líquidas, não 13% como é hoje, haveria mais recursos para a saúde. "Assim sobrariam R$ 6 milhões para investir no Estado", calcula. A prioridade do peemedebista para a saúde em um eventual governo seria a contratação de ginecologistas para todas as Unidades Básicas de Saúde.

Para Mercadante, os hospitais do Estado estão "sucateados" por causa da gestão tucana em São Paulo, que não teria tratado o SUS como prioridade, nem aplicado 12% do orçamento em saúde - duas das promessas do petista para a área. Mercadante e Quércia querem a revisão dos contratos do governo paulista com as Organizações Sociais (OS), que administram 20 hospitais no Estado.

Serra promete implementar projetos iniciados na Prefeitura de São Paulo por todo o Estado. Entre eles, a construção de míni-prontos socorros, as unidades de Atendimento Médico-Ambulatorial (AMAs), e a entrega domiciliar de remédios a pacientes crônicos. O tucano tem também como prioridade a construção de clínicas de especialidades (20 no total) em grandes centros do Estado para reduzir o vaivém de pacientes, principalmente para a capital, em busca de tratamento. Essas clínicas teriam cardiologistas, dermatologistas, neurologistas, entre outros, e fariam exames de raio X e ultra-som.

O tucano também garante implementar no Estado os mutirões de saúde, uma de suas marcas quando ministro da Saúde.

Grande parte das propostas de Mercadante está ligada ou usa como exemplo o governo federal. O petista defende o fortalecimento do SUS com a formação de um "pacto pela saúde" envolvendo a União, o Estado e os municípios. Propõe estender no Estado programas que são bandeiras do presidente Lula, como o Farmácia Popular, rede onde é possível adquirir medicamentos a um custo inferior ao do mercado, ou o serviço de atendimento odontológico do programa Brasil Sorridente.

O petista aposta em um aumento na eficiência do sistema de saúde a partir da informatização da rede, com a criação de um banco de dados unificado. Nesse aumento de eficiência estaria prevista uma central para agendamento de consultas e exames por meio do telefone ou da internet. "Isso permitiria acabar com as filas", afirma o senador. Outra sugestão é a criação do "Cartão Saúde", no qual seriam armazenados os dados clínicos e pessoais de cada paciente.

FILAS

Para acabar com as filas, Quércia pretende instalar em cada posto de saúde um aparelho de ultra-som e raio X. "Se fizermos isso, metade dos problemas de agendamento de exames pode se resolver", diz.

Outra promessa é a ampliação do número de laboratórios de análises clínicas e da pesquisa, fabricação e distribuição de medicamentos da Fundação para o Medicamento Popular. O dinheiro viria do próprio orçamento da Saúde. "É só ajustar os gastos, economizar e podemos implantar as ações."