Título: Brasil no centro da agenda semanal
Autor: Leandro Modé
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/09/2006, Economia & Negócios, p. B4

Em uma semana marcada por feriados aqui e nos Estados Unidos, a volatilidade tende a diminuir no mercado financeiro. Os EUA comemoram hoje o Dia do Trabalho e o Brasil, como se sabe, pára na quinta-feira por conta da Independência. De qualquer forma, a agenda terá alguma movimentação, especialmente no Brasil.

O destaque maior fica por conta das divulgações do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto, na quarta-feira, e da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), desta vez na sexta-feira. Normalmente as atas saem às quintas-feiras, mas, justamente por causa do feriado, o anúncio foi transferido.

"Os investidores querem entender por que o Copom reduziu a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, em vez do 0,25 ponto que havia indicado na ata da reunião anterior", disse o economista-chefe do Banco BNP Paribas, Alexandre Lintz. "Além disso, todos estão indecisos sobre o que o comitê fará na próxima reunião, em outubro."

Lintz explicou que, se a ata não trouxer nenhuma indicação de pausa no ciclo de afrouxo monetário, crescerão as apostas de um novo corte de 0,50 ponto, o que levaria a taxa básica para 13,75% ao ano.

Em relação ao IPCA, a expectativa do mercado financeiro é de uma alta de 0,30%. Lintz tem uma projeção ligeiramente inferior, de 0,19%. Lintz lembra que, nessa época do ano, o índice costuma acelerar, o que não está ocorrendo em 2006. Como o IPCA é o índice que baliza o sistema de metas de inflação do governo, essa tendência de baixa pode abrir caminho para novas reduções do juro.

No cenário externo, o principal destaque de Lintz é para as oscilações do mercado de petróleo. Na sexta-feira, pela primeira vez desde junho, o barril, tanto em Londres quanto em Nova York, caiu para menos de US$ 70. "Se as cotações voltarem para a casa dos US$ 80, é ruim para a inflação e, conseqüentemente, para a atividade econômica no mundo", afirmou. "A queda da semana passada traz alívio." Os Estados Unidos, na avaliação do economista do BNP Paribas, caminham mesmo para um pouso suave.

Com base nesses dados, o mercado que deve ter maior movimentação esta semana é o de juros. Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o estabelecimento de uma tendência depende do retorno, para o Brasil, dos investidores estrangeiros. Por ora, segundo Lintz, eles parecem continuar avessos ao risco. Com relação ao mercado de câmbio, a expectatitva é de novas altas do real ante o dólar.