Título: Aumenta pressão contra a destruição da floresta
Autor: Cristina Amorim e Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/07/2006, Vida&, p. A16
A secretária eletrônica e a caixa de e-mails do bispo da Igreja Anglicana de Liverpool, James Jones, ficaram lotadas na semana passada de mensagens preocupadas com a rápida destruição da Amazônia pelo avanço do agronegócio. Eram reações a uma mensagem que Jones mandara, de Manaus, às paróquias e organizações de sua diocese, ao final de um simpósio que percorreu áreas de desflorestamento e de preservação durante quase uma semana, organizado pelo patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I.
A informação mais importante para os não iniciados produzida pelo simpósio é que a Amazônia exerce uma função reguladora do clima muito mais importante do que a de pulmões do mundo. "A Amazônia é o grande estabilizador da atmosfera e os efeitos de sua redução já produzem um círculo vicioso que leva à diminuição das chuvas e da evaporação na região e altera o clima em outras regiões", disse Antonio Nobre, cientista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
Segundo Nobre, a seca do ano passado na região amazônica, a redução dos índices de chuvas e umidade no Centro-Sul do Brasil e o aquecimento das águas do Golfo do México, que alimenta furacões como o devastador Katrina, estão todos relacionados com a destruição da Amazônia. Para Thomas Spencer, do Institute for Environmental Security, de Londres, "o agronegócio brasileiro não depende de terras na Amazônia para se expandir e a continuação do desflorestamento vai provocar falta de água em áreas onde estão mais de 95% da soja e de outros cultivos".