Título: PSB diz que vai ficar fora de coligação e tira tempo na TV
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/06/2006, Nacional, p. A4

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficará sem o apoio formal do PSB, seu aliado histórico, na campanha pela reeleição. O partido cancelou a convenção que faria amanhã, depois que sua Executiva decidiu ficar sem candidato à Presidência para ter liberdade de coligação nos Estados. O PSB precisa obter votos nas eleições proporcionais para cumprir a cláusula de barreira, a regra eleitoral pela qual os partidos precisam ter pelo menos 5% dos votos nacionais para ter acesso a tempo de TV e fundo partidário, entre outros direitos.

Para Lula, a falta de apoio formal do PSB significa menos espaço no horário eleitoral na TV e no rádio. Com o PSB, Lula poderia ter mais tempo agregado a seus 6 minutos nos blocos de propaganda eleitoral. O principal adversário de Lula, o tucano Geraldo Alckmin, terá cerca de 9 minutos na TV, por causa da coligação com o PFL. "Não adianta o partido dar o vice-presidente e deixar de existir por não ter conseguido cumprir a cláusula de barreira", afirmou o líder do PSB na Câmara, Alexandre Cardoso (RJ). Ele afirmou que o PT e o PSB estarão aliados em 19 Estados.

A avaliação da Executiva é que o apoio formal a Lula significaria de 300 a 500 mil votos a menos para a sigla. "Esses votos são essenciais para cumprir a cláusula de barreira", ressaltou Cardoso. O presidente já foi avisado da decisão do PSB, mas sua divulgação deverá ser feita em nota após reunião do comando do partido com o presidente do PT, Ricardo Berzoini, e com o ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro.

Desde o início das articulações, o PSB vinha manifestando insatisfação com o que considera falta de reciprocidade do PT. Os petistas são acusados de não abrir mão de candidaturas em favor de aliados. A mesma reclamação é feita pelo PC do B, que fará sua convenção na quinta-feira. Sua tendência, porém, é apoiar Lula formalmente.