Título: Maior benefício é amamentar mais
Autor: Adriana Dias Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/06/2006, Vida&, p. A14

O leite materno supre 100% das necessidades nutricionais do bebê com até 6 meses de vida, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria. Mas, ainda depois disso, o leite continua com função importantíssima.

Dos 6 aos 8 meses, o leite materno supre 70% das necessidades. De 9 a 11 meses, 55%; de 1 a 2 anos, 40%. Além da função energética, a amamentação estimula na criança a liberação de endorfina, o hormônio associado à sensação de prazer e bem-estar, e transmite anticorpos.

Mais: o leite materno contém um tipo especial de carboidrato que é necessário para a formação de uma flora intestinal protetora que inibe o desenvolvimento de germes e parasitas intestinais. A incidência de diarréia é de 3 a 14 vezes maior em bebês alimentados com mamadeiras em relação aos que mamam no peito.

O leite de vaca, por exemplo, tem o triplo de caseína, (tipo de proteína), em relação ao leite humano. O organismo do bebê, que não está preparado para receber tamanha quantidade, recebe o excesso dessa substância como se fosse um corpo estranho e pode reagir manifestando alergia. Outro aspecto negativo do leite de vaca é que ele tem também três vezes mais potássio, o que pode sobrecarregar o rim do bebê.

Mesmo assim, de acordo com o Ministério da Saúde, o número de bebês que só mamam no peito é baixíssimo. No primeiro mês de vida, cerca de 53% dos recém-nascidos mamam exclusivamente no peito. Até os 3 meses, o número despenca para menos da metade: 23%. Até os 6 meses, 9%.

Além da amamentação exclusiva, a campanha da SBP defende a idéia de que proximidade da mãe nos seis primeiros meses de vida é fundamental para o desenvolvimento afetivo do bebê.

"O cérebro do ser humano se desenvolve como nunca até os 6 meses de vida da criança. Nos seis primeiros meses, o órgão aumenta cerca de 2 gramas por dia. Depois disso, cai para 300 mg", explica o pediatra Dioclécio Campos Júnior, presidente da SBP. Os estímulos proporcionados pela mãe nesse período são insubstituíveis."

EM OUTROS PAÍSES O tempo da licença-maternidade em outros países varia muito. Na Europa é, em geral, maior, mas nem sempre com remuneração integral. Na Itália, são cinco meses com cobertura de 80% pelo governo. Na Dinamarca, 18 semanas, com cobertura de 90%. Já na Austrália, são 52 semanas, mas sem salário durante o período.

Na Argentina são 90 dias, 100% remunerados. No Chile, são 18 semanas também 100% remuneradas. Nos Estados Unidos, 12 semanas sem remuneração.