Título: No Palácio dos Bandeirantes, um estranho no ninho tucano
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/06/2006, Nacional, p. A4

Foi uma festa do PT, e o PFL no papel de anfitrião, na casa que abrigou tucanos por 11 anos até março, quando Geraldo Alckmin deixou o posto de governador para fazer campanha à Presidência. E na primeira vez que pôs os pés no Palácio dos Bandeirantes, desde que assumiu o governo federal, o presidente Lula reencontrou Claudio Lembo (PFL), a quem chamou de "velho amigo", o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que almeja a cadeira de governador paulista nos próximos 4 anos, 15 prefeitos e até um mensaleiro, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP).

À vontade, elogiado e aplaudido, Lula aproveitou o palanque que foi do PSDB e mandou recado a quem o ataca. "Tenho amizade com o Claudio desde 1978. Embora em partidos e posições diferentes, nossa relação tem sido historicamente civilizada, dois seres humanos podem pensar ideologicamente diferente, comungar e conviver com religiões e clubes de futebol diferentes. Na hora em que têm de tratar das coisas institucionais, a pequenez do ser humano tem de ser jogada fora e temos de tratar com uma grandeza que os entes federativos têm de ser tratados, passar para a sociedade a idéia de que dois seres de berços diferentes, de formação e de concepções ideológicas diferentes, podem ser amigos, conviver democraticamente na adversidade."

"Hoje é um dia significativo para todos nós", retribuiu Lembo. "Isso (o convênio) demonstra que os brasileiros sabem se congregar, ter uma posição elevada mesmo em momentos sensíveis da política partidária."

O plano era tocar a cerimônia em São Vicente, mas Lula achou por bem fazer a festa com os prefeitos no antigo reduto do PSDB. "Isso aqui (Bandeirantes) é mais do que uma casa tucana. É uma casa do povo de São Paulo. Quando foi feito, não existia nem PT nem PSDB nem PFL."