Título: 'Taxa já estimula investimentos'
Autor: Fabio Graner e Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/06/2006, Economia & Negócios, p. B3

A redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), de 8,15% para 7,5% ao ano, foi bem recebida pelo setor produtivo, que tem cobrado do governo um nível mais razoável dos juros dos empréstimos para investimentos. Mas há consenso entre os empresários de que há espaço para queda maior da TJLP.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, a taxa já poderia estar em 5,5% ao ano, o que representaria 1 ponto porcentual acima da meta de 4,5% de inflação para o ano. Segundo ele, seria uma remuneração razoável para os recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador usados nos empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. "Quanto menor a TJLP, maior o nível de investimentos na produção e maior a oferta de produtos no mercado, o que permitiria o controle da inflação sem arrochos monetários."

O presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Cláudio Vaz, diz que a redução de 0,65 ponto porcentual da TJLP é motivo de comemoração. "Finalmente o Brasil alcança uma taxa de juros de longo prazo, em termos reais, próxima a 3%, que é compatível com o cenário internacional e serve com o estímulo para os investimentos."

Nas contas de Vaz, a taxa poderia ter chegado a 7%. A TJLP, explica, é formada pela expectativa de inflação futura mais um prêmio de risco. Como a inflação futura está prevista em 4,5% e o prêmio de risco mais conhecido seria o risco Brasil, que está por volta de 2,5%, ele observa que uma taxa de 7% seria a mais razoável. "Mas para um país que tem juro primário de 15,25% ao ano, falar em 0,5% seria discutir ajuste fino. Então, foi uma iniciativa importante."

Para Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base, havia espaço para reduzir a TJLP em até 1,2 ponto porcentual. "Mas a decisão do Conselho Monetário Nacional é bem-vinda, pois o custo do capital é um os maiores entraves para os projetos de investimento."