Título: TJLP cai para 7,5% e meta de inflação não muda
Autor: Fabio Graner e Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/06/2006, Economia & Negócios, p. B3

O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu ontem reduzir em 0,65 ponto porcentual a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), de 8,15% para 7,5% ao ano, o menor nível desde sua criação em 1995. Embora a redução já fosse esperada, a magnitude veio ligeiramente acima das expectativas, que estavam mais concentradas em 0,50 ponto porcentual. A TJLP é a referência para os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao setor produtivo.

O CMN também definiu ontem a meta de inflação para 2008, que ficou em 4,5%, repetindo a meta de 2007, confirmada na mesma reunião. A decisão ficou dentro das expectativas do mercado. O governo não alterou sequer a margem de tolerância de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo, que alguns analistas consideravam que poderia ser reduzida para 1,5 ponto. Com isso, o País conviverá com a mesma meta por quatro anos seguidos.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a queda na inflação nos últimos meses foi importante para a redução da TJLP. Ao lado do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, Mantega destacou que a nova TJLP permitirá aumento da taxa de investimentos, que, para ele, pode superar os 22% do Produto Interno Bruto (PIB) e ajudar a economia a se expandir mais de 5% ao ano.

Mantega observou que os investimentos garantem crescimento econômico equilibrado. Algumas economias têm expansão baseada no consumo, disse, o que resulta em desequilíbrio, pois a oferta de produtos não acompanha a demanda, pressionando os preços. No Rio, o presidente do BNDES, Demian Fiocca, afirmou que a TJLP está adequada e em nível favorável para estimular investimentos. "Estamos satisfeitos", comentou.

Para Mantega, o sucesso da política antiinflacionária também é um estímulo aos investimentos, à medida que cria um horizonte de longo prazo favorável às empresas. Segundo ele, a decisão de fixar em 4,5% a meta de inflação para 2008 foi aprovada pelo presidente Lula.

Para Henrique Meirelles, presidente do BC, que tem a responsabilidade de cumprir a meta definida pelo CMN, o objetivo de 2008 é o mais apropriado para consolidar a credibilidade do sistema de metas de inflação, implantado no Brasil em 1999. "Entre ter uma meta mais ambiciosa e reforçar a credibilidade do sistema, consideramos que neste momento a credibilidade é mais importante."

"Quanto mais alta a probabilidade de a meta ser cumprida, mais crível é a política monetária e menor o custo para a sociedade manter a inflação dentro da meta." Meirelles evitou responder se, com metas anuais de 4,5% até 2008, haveria espaço para redução mais rápida dos juros. A queda dos juros é desejo de todos, comentou, mas a prioridade é cumprir a meta de inflação. "Temos uma meta de inflação, e não meta de juros. A política monetária será consistente com esse mandato de 2008, assim como para 2006 e 2007. Por isso, não damos previsão sobre juros."

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que as expectativas do mercado financeiro para a inflação indicam que "o mais provável" é que as metas de 2006, 2007 e 2008 sejam cumpridas. Bernardo classificou a meta de 2008 de "ambiciosa", dado o histórico de inflação do País. Já Mantega considerou a meta de 4,5% "moderada".