Título: Juiz manda caso Varig para MP
Autor: Alberto Komatsu e Mônica Ciarelli
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/06/2006, Economia & Negócios, p. B5

O futuro da Varig está nas mãos do Ministério Público do Rio e do administrador judicial da companhia, a consultoria Deloitte. Hoje, por volta do meio-dia, eles devem dar seu parecer à Justiça do Rio sobre a proposta de cerca de US$ 500 milhões para comprar a empresa, feita pela VarigLog.

Ontem, a ex-subsidiária de logística e transporte de cargas entregou os detalhes da oferta ao juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável pela recuperação judicial da Varig, que vai divulgar a próxima etapa da reestruturação da empresa baseado na avaliação do MP e da Deloitte.

A proposta da VarigLog é de US$ 485 milhões, mais US$ 20 milhões para a Varig pagar despesas emergenciais, como fornecimento de combustível e arrendamento de aeronaves, até um novo leilão. Desde segunda-feira, a ex-subsidiária depositou US$ 5,5 milhões para esse fim. Só ontem, foram US$ 200 mil. Na segunda-feira, US$ 3,5 milhões. No dia seguinte, mais US$ 1,5 milhão para pagar os funcionários. Anteontem, foram outros US$ 300 mil. Como garantia, a VarigLog tem recebido notas promissórias.

Segundo o promotor de Justiça do MP do Rio, Gustavo Lunz, a tendência é a de convocação de assembléia para analisar a proposta, que conta com mudanças em relação ao plano de reestruturação que consta da recuperação judicial e já foi aprovado pelos credores. Entre algumas das modificações, estaria a destinação de parte do investimento pela aquisição da Varig na chamada "antiga Varig", que herdaria passivos e ficaria com 5% da empresa resultante da reestruturação.

"Nossa proposta sempre esteve adequada à Lei de Recuperação. Apenas não estavam esclarecidos alguns pontos", afirma o advogado Leonardo Viveiros, do escritório Xavier, Bernardes, Bragança, que representa a VarigLog. A comissão de juízes responsável pela recuperação judicial da Varig deveria ter dado um parecer sobre a oferta da VarigLog na segunda-feira. No entanto o prazo foi adiado duas vezes porque tanto a Justiça quanto a Deloitte pediram esclarecimentos. "Não houve mudanças, só esclarecimentos", acrescenta Viveiros.

Uma das principais dúvidas é sobre a continuidade das operações da "antiga Varig". Para a Justiça, uma empresa não pode ser criada apenas para guardar débitos, conforme plano de recuperação judicial aprovado pelos credores. Outro ponto em avaliação é a inclusão, ou não, do programa de milhagem Smiles na negociação.

Fontes do mercado relataram ontem que o sócio do fundo de investimentos Matlin Patterson, o chinês Lap Chan, estava no Rio para definir a negociação da VarigLog pela ex-controladora.