Título: Europeus atacam decisão
Autor: Gerusa Marques
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/06/2006, Economia & Negócios, p. B14

Os europeus competiram até o fim com os japoneses na disputa pelo padrão de TV digital que seria adotado no Brasil. Eles consideram que a adoção do sistema japonês trará prejuízos para o País. "O Brasil corre o sério risco de ficar isolado no mundo, sem competitividade para exportar, dado que não terá ganho de escala para obter preço competitivo", apontou a Coalizão DVB, que reúne empresas européias, em comunicado. "Mesmo a América do Sul não deverá seguir o Brasil. A Argentina já anunciou que optará por DVB ou ATSC, como noticiado por ocasião da recente visita da Ministra Dilma Rousseff a esse país. Os outros países da região deverão seguir essa opção."

Eles destacaram que sua tecnologia, o DVB-T, foi adotada por mais de 100 países em todo o mundo, enquanto o ISDB-T, do Japão, só está em uso no seu país de origem. "O Japão já deixou claro que não vai absorver a tecnologia brasileira no seu pais de origem e portanto o padrão nipo-brasileiro vai ser só adotado no Brasil", afirmou a Coalizão DVB, respondendo a uma defesa dos japoneses de sua tecnologia.

"A decisão pelo padrão japonês ou nipo-brasileiro caracteriza-se por ser um cheque em branco para a prática de preços altos, não existindo quaisquer mecanismos que assegurem preços equivalentes àqueles praticados na maioria dos países que implantaram a TV digital, com base no padrão DVB-T", disseram os europeus.

Em março, o governo já havia manifestado a preferência pelo padrão japonês, o preferido dos radiodifusores. O governo então começou a negociar com os detentores das tecnologias uma fábrica de semicondutores, mas não conseguiu um compromisso firme de nenhum deles. Nem mesmo dos japoneses. Dessa forma, prevaleceu a tendência inicial. Os europeus chegaram a acenar com a fábrica, mas não chegaram a um acordo sobre o assunto. Os americanos nem sequer tentaram atender à exigência.

Os americanos se disseram "desapontados" com a decisão do governo. Na visão deles, se o Brasil adotasse sua tecnologia, seria possível implementá-la em todas as Américas. O ATSC americano já é usado, além dos Estados Unidos, no México, Canadá e países da América Central. Um argumento forte dos americanos era esse mercado de exportação.