Título: Argentinos vêem isolamento
Autor: Gerusa Marques
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/06/2006, Economia & Negócios, p. B14

A escolha pela tecnologia japonesa para a TV digital (ISDB) "isola o Brasil dos demais países do Mercosul", na opinião do gerente técnico de um dos principais canais de televisão da Argentina, Canal 13, o engenheiro Eduardo Bayo. Segundo ele, "será pouco provável que nosso país ou os outros vizinhos acompanhem o Brasil em seu sistema" nipo-brasileiro. Segundo ele, na Argentina e no Chile as normas que estão sendo consideradas são as americana e européia.

A opinião de Bayo é semelhante à do embaixador argentino no Brasil, Juan Pablo Lohlé, que recentemente publicou um artigo afirmando que "se cada um optar por uma norma, estaremos mostrando uma visão diluída de nosso processo de integração." Na Argentina, o sistema japonês parece não ter grandes defensores. O Canal 13 transmite os jogos da Copa da Mundo pelo sistema digital dos Estados Unidos (ATSC), assim como sua concorrente Telefe.

Com a maioria de seu capital argentino, o Canal 13 vem utilizando a norma americana desde 1998, quando o governo de Carlos Menem determinou, por decreto, que essa seria a tecnologia da TV digital argentina. A Telefe, do Grupo Telefónica, da Espanha, também havia adotado o sistema americano em suas transmissões digitais.

Mas em outubro, quando o governo Kirchner decidiu rever o assunto e revogar o decreto, a Telefe recebeu a ordem de converter seu sistema ao europeu (DVB). Agora, as duas principais emissoras de TV aberta do país defendem sistemas diferentes. Nenhuma delas optaria pelo japonês, afirma Bayo.

"Temos uma proposta do sistema japonês puro, mas seus custos são mais altos e não nos interessam. Muito menos uma proposta de um sistema misturado, como o que parece propor o Brasil", disse o engenheiro do 13.

O ministério de Planejamento e a chefia de Gabinete da Presidência criaram uma comissão para avaliar as três propostas recebidas para a implantação da TV digital no país.