Título: 'No vale-tudo, não vale mandar me matar', diz Heloísa para PT
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/08/2006, Nacional, p. A8

Em visita à Baixada Fluminense, a candidata do PSOL à Presidência, senadora Heloísa Helena (AL), ironizou ontem as notícias de que o comando da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição pretenderia "desconstruir" sua candidatura e disse que "não vale" mandar matá-la. Ela voltou a criticar ministros que têm atacado sua campanha - um deles é Tarso Genro, que ela não citou nominalmente - e pediu que procurem trabalho e tratem dos problemas do Brasil, em lugar de investir contra ela.

Em tom de desafio, Heloísa afirmou que não quer bater boca pela imprensa com auxiliares do presidente, mas debater com ele próprio, diretamente, os problemas do País. "Eu já estou ficando assim meio cansada desse povo, desses ministros do presidente Lula", afirmou, em discurso em Nova Iguaçu. E cobrou que os auxiliares do presidente expliquem os "sanguessugas, mensaleiros, trambiqueiros e outros mais".

" Tem de deixar de ficar batendo em mim todo dia na imprensa, que isso é muito feio. Além de ser um sinal de inveja, de crueldade e de perversidade", afirmou. "Então, quero fazer um apelo. Só não mande me matar, porque dizem que lá tem tudo que é tipo de gente. No vale-tudo, não vale mandar me matar. Porque sei que são capazes de mentir, de caluniar, de roubar. Agora, por favor, me deixem criar meus filhos."

A senadora afirmou que não imaginava que "uma subidazinha na pesquisa pudesse gerar tanta fúria, intolerância e perversidade" por parte do governo federal. "O que eu espero mesmo do presidente Lula não é a fúria, a intolerância e a crueldade do governo em relação a mim", declarou, em entrevista. "Eu espero que ele esteja presente em todos os debates para que, de forma civilizada, honesta, olho no olho, possamos debater os verdadeiros problemas do Brasil e as alternativas concretas para superá-los."

ROSA VERMELHA

Cercada de militantes e candidatos do PSOL, do PSTU e do PCB, Heloísa Helena visitou os centros comerciais de Duque de Caxias e Nova Iguaçu, acompanhada de crianças de rua e muito abraçada por eleitores, principalmente mulheres. Beijou muita gente e ganhou vários bilhetinhos e flores. "Isso, vamos eleger ela!", disse, entusiasmada, uma mulher que lhe entregou uma rosa vermelha e, depois de cumprimentá-la, sumiu na multidão que transitava no calçadão de Nova Iguaçu. Ali, a candidata foi recebida com chuva de confete e papel picado. Das janelas, muitas mulheres aplaudiam e faziam sinal de positivo com o polegar.

"Acreditamos que é possível baixar a taxa de juros, fazer a reforma tributária, ter mais de R$ 160 bilhões de dinheiro limpo e novo, não para comprar mensaleiro, sanguessuga, parlamentar", disse ela, em discurso. A menção à corrupção e as acusações de envolvimento do governo nos escândalos marcaram seus pronunciamentos.

"Lula e Alckmin/Não vale a pena/Segundo turno com Heloísa Helena", entoavam militantes. Em Duque de Caxias, alguns oradores atacaram duramente o ex-governador Anthony Garotinho. O candidato a deputado Cyro Garcia (PSTU) chegou a chamar o grupo do ex-governador de "quadrilha".