Título: Guia orienta plástica no exterior
Autor: Karine Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/08/2006, Vida&, p. A19

A excelência dos cirurgiões plásticos brasileiros associada às belezas naturais do País tem resultado no crescimento de um tipo de turismo que pode trazer problemas para pacientes e médicos. Atenta à busca por especialistas estrangeiros, que ocorre não só no Brasil, a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps, na sigla em inglês) lançou ontem no Rio um guia para tentar evitar situações absurdas como a marcação de procedimentos via agências de viagem, sem qualquer contato prévio com o cirurgião responsável.

A entidade agrega profissionais de 74 países e está reunida em um congresso nesta semana. Quase 2 mil pessoas participam do encontro. "Muitas vezes, o contato é feito com a agência de viagens, mas o paciente não sabe sequer quem vai operá-lo. Consideramos antiético o agenciamento de pacientes pelas companhias de turismo. Elas podem, por exemplo, canalizar para um ou outro profissional que, muitas vezes, não tem formação completa. Com o guia, o paciente terá mais segurança", observa o presidente da sociedade, o brasileiro João Carlos Sampaio Góes.

Ele destaca que o crescimento do número de procedimentos no mundo é "explosivo" - em torno de 20% ao ano. No Brasil, a demanda maior é pela lipoaspiração, seguida de cirurgia de mama.

Entre as orientações do guia, Góes cita os cuidados com o pós-operatório. "É preciso saber que não dá para fazer a cirurgia em um dia e, no outro, já entrar no avião. Fica parecendo até que o procedimento é apenas mais um programa da viagem. Dependendo do caso, é preciso ficar até uma semana na cidade onde foi feita a intervenção. O paciente precisa saber qual médico vai ficar responsável por ele quando tiver retornado ao seu país de origem", alerta o especialista.

O contato direto com o cirurgião para esclarecimento de dúvidas é essencial, enfatiza ele, explicando também que só o profissional da área está habilitado. Não é recomendado, por exemplo, realizar um procedimento cirúrgico na face com um dermatologista ou pôr uma prótese de silicone com um ginecologista.

DICAS ONLINE

Para orientar o paciente, o site da sociedade (www.isaps.org) foi reestruturado. Lá é possível saber os tipos de cirurgias, qual o tempo médio de cada pós-operatório e o nome de médicos credenciados. O Brasil é o segundo país em número de associados à Isaps: 182, ante 189 dos Estados Unidos.

Em breve, vai ser possível saber se a clínica onde o paciente deseja ser operado tem o aval da sociedade, que reúne 1.300 cirurgiões plásticos de 74 países. "É um processo que está em andamento. No Brasil, está sendo realizado o primeiro curso de inspetores. Uma vez credenciada, a clínica passa por uma vistoria anual para sabermos se o padrão exigido está sendo mantido", diz Góes. Ele lembra que, embora o paciente tenha livre-arbítrio para escolher o serviço, deve buscar clínicas e hospitais reconhecidos por órgãos de saúde.