Título: Diretor do FMI adverte contra acordos bilaterais
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/08/2006, Economia & Negócios, p. B6

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), o espanhol Rodrigo de Rato, fez ontem uma advertência contra os acordos bilaterais de comércio, depois do fracasso das negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Convido todos os países, inclusive os mais pobres, a ser prudentes antes de embarcar em acordos bilaterais e regionais", disse, num discurso em Washington.

Rato expressou sua esperança de que o congelamento das negociações da Rodada Doha seja temporário. "A expansão do comércio, favorecida por acordos multilaterais, foi uma das pedras angulares do crescimento da economia mundial durante muitos anos e é fundamental para as perspectivas futuras dos países mais pobres", salientou. "Por isso é tão duro aceitar o que ocorreu em Genebra na semana passada. Espero que seja uma pausa, e não um fracasso das negociações."

Rato disse ainda acreditar que os negociadores vão perseverar e buscar preservar o que já foi conquistado. O diretor-gerente do FMI afirmou que pensa principalmente nas medidas que interessam aos países mais pobres, como a eliminação gradual das subvenções à exportação - em especial do algodão. Ele citou também a abertura sem limites e com isenção de tarifas, por parte dos países desenvolvidos e de grandes nações em desenvolvimento, em relação aos países mais pobres.

BUSH E OS EUA Também ontem, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, voltou a dizer que seu governo "fará tudo o que puder" para retomar a Rodada Doha da OMC. De acordo com ele, a abertura de mercados estrangeiros dará impulso à economia dos EUA e do mundo.

Os Estados Unidos e a União Européia culparam-se mutuamente pela suspensão das negociações da rodada. "Faremos tudo o que pudermos para colocar Doha em marcha novamente", afirmou Bush. As negociações, segundo ele, "têm a possibilidade de criar novos empregos e gerar crescimento econômico. Não apenas aqui, mas em todos os lados. O problema é que outros não estão comprometidos".

Bush disse que pediu à representante de Comércio americana, Susan Schwab, que "continue trabalhando com seus colegas, que continue discutindo maneiras para que os Estados Unidos sejam flexíveis, particularmente nos subsídios à agricultura, e para que nossos colegas sejam flexíveis também".

Susan Schwab esteve no Brasil entre sexta-feira e domingo. No sábado, ela se encontrou com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim. "Completar a Rodada Doha exigirá opções duras. Esta é uma oportunidade única para impulsionar o comércio global e criar oportunidades ao redor do mundo", completou o presidente americano.