Título: CPI pede afastamento de dois acusados da Mesa da Câmara
Autor: Eugênia Lopes e Sônia Filgueiras
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/07/2006, Nacional, p. A4

A CPI dos Sanguessugas aprovou ontem o afastamento dos deputados João Caldas (PL-AL) e Nilton Capixaba (PTB-RO) dos cargos que ocupam na Mesa Diretora da Câmara. Caldas, que é quarto-secretário da Mesa, e Capixaba, segundo-secretário, são acusados de envolvimentos na máfia das ambulâncias. A CPI aprovou o requerimento com a proposta de afastamento dos parlamentares após os depoimentos, em sessão secreta, do delegado da Polícia Federal (PF) Tardelli Boaventura e do procurador do Ministério Público Federal em Mato Grosso, Mário Lúcio Avelar, sobre o esquema de desvio de recursos do Orçamento da União para compra superfaturada de ambulâncias por prefeituras.

"O sigilo ainda está preservado. Mas o que surgiu são indícios contundentes da participação deles e a solução foi a recomendação para afastamento", afirmou o presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ). Os inquéritos que envolvem parlamentares na máfia das ambulâncias correm em segredo de Justiça. Ou seja: os nomes não podem ser revelados.

Na prática, a decisão da CPI tem efeito apenas político. Tanto Capixaba quanto Caldas só se afastarão de seus cargos se desejarem. Assessores da Mesa da Câmara explicaram que o presidente da Casa, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), não tem poder para afastá-los uma vez que ambos foram eleitos secretários.

O delegado Boaventura mostrou aos integrantes da CPI o livro-caixa eletrônico da Planam, principal empresa do esquema, pertencente a Darci Vedoin, preso durante a operação que desvendou as irregularidades. No livro-caixa, referente a despesas realizadas em 2001 e 2002, supostas propinas pagas a parlamentares estão registradas. Capixaba surge como beneficiário de mais de R$ 400 mil e João Caldas, de R$ 70 mil.

Outro integrante da Mesa apontado como envolvido no caso é o deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), mas a CPI não discutiu sua situação. Assessores do tucano aparecem nas escutas telefônicas da PF marcando encontros com Vedoin.

Anteontem a PF encaminhou à CPI dos Sanguessugas os inquéritos envolvendo 12 parlamentares no esquema. Entre outros nomes sob investigação no Supremo Tribunal Federal estão os deputados Pedro Henry (PP-MT), Paulo Baltazar (PSB-RJ) e Wanderval Santos (PL-SP), além de Capixaba e João Caldas.