Título: Lula lança campanha dia 13, uma quinta, em S. Bernardo
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/07/2006, Nacional, p. A5

A idéia de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedir votos só nos fins de semana, para não confundir com ações de governo, foi deixada de lado já na programação do primeiro ato de campanha. O lançamento da candidatura de Lula acontecerá na noite do dia 13, uma quinta-feira, em São Bernardo, berço da militância sindical e política do presidente.

A coordenação da campanha, que se reuniu ontem pela primeira vez, decidiu organizar um jantar para arrecadar fundos em horário fora do expediente do Palácio do Planalto. Os preços dos convites não foram definidos. A festa será no restaurante São Judas Tadeu, onde Lula comemorou 50 anos. "Todos pagaremos pelos convites. Será um ato de arrecadação, com o simbolismo de lançar a campanha onde Lula começou a vida sindical", disse o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).

Segundo Berzoini, a coordenação da campanha vai elaborar uma agenda eleitoral durante a semana para "não atrapalhar a agenda de presidente, com atos em Brasília e em outros Estados". Os sábados e domingos deverão ser dedicados à campanha, mas só a partir do dia 22. Para o próximo fim de semana, não está programado nenhum compromisso eleitoral. No seguinte, Lula estará em viagem oficial, para reunião do G-8 em São Petersburgo, Rússia. O presidente viajará na sexta-feira, 14, dia seguinte ao lançamento da campanha, e voltará na segunda-feira, 17.

Os petistas estão preocupados com possíveis punições do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por causa da confusão entre governo e campanha. Ontem, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, aproveitou a hora do almoço para um encontro com Berzoini, o secretário de Finanças do PT, Paulo Ferreira, e o tesoureiro da campanha, José de Filippi Júnior. Bernardo reconheceu que a reeleição beneficia o governante que, no cargo, tenta o segundo mandato. "De certa forma, gera uma desigualdade nas condições de disputa", afirmou o ministro. "É muito difícil separar quem é o presidente e quem é o candidato. E ele é fiscalizado 24 horas por dia."

Paulo Bernardo defendeu o fim da reeleição, com mandato de cinco anos para o presidente. "Alguém inventou a reeleição e não fomos nós. Lula foi o causador da redução do mandato de cinco para quatro anos, porque tinham medo que ele fosse eleito. Depois, acharam pouco e criaram a reeleição."

A participação de Lula nos Estados onde tem apoio de diferentes candidatos ao governo foi discutida ontem. Segundo Berzoini, nas visitas do presidente haverá um comício para Lula. "E todos os aliados serão convidados", disse. Quem quiser subirá no palanque do petista, mas Lula não irá a comícios de candidatos rivais.