Título: MP pede processo contra Pitta
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/07/2006, Nacional, p. A11

O Ministério Público Federal requereu ontem à Justiça abertura de processo contra o ex-prefeito Celso Pitta (1997-2000) por supostos crimes de corrupção passiva, quadrilha, evasão de divisas e lavagem (ocultação) de dinheiro que teria sido desviado das obras da Avenida Água Espraiada, zona sul de São Paulo.

Segundo o procurador da República Rodrigo de Grandis, o ex-prefeito enviou recursos não declarados ao Banco Central para contas secretas em Nova York, Suíça e Guernsey, paraíso fiscal da comunidade britânica.

Além de Pitta, foram denunciados a bancária Rachelle Abadi e o banqueiro Edmundo Safdié, acusados de montar operações financeiras que permitiram a transferência do dinheiro para o exterior.

A acusação, em 28 páginas, foi entregue à juíza Silvia Rocha, da 2ª Vara Federal, a quem cabe decidir se abre o processo contra Pitta e os outros citados. Se condenado, ele pode pegar pena de 11 anos a 40 anos de reclusão.

De Grandis pediu abertura de inquérito policial contra o empresário Jorge Yunes, que teria feito empréstimo suspeito a Pitta. O procurador acredita que a operação pode caracterizar participação do empresário na ocultação e simulação de dinheiro proveniente de crimes contra a administração. A Promotoria de Justiça da Cidadania calcula que o ex-prefeito teria US$ 60 milhões no exterior.

"A denúncia trata de tema já explorado pela mídia há pelo menos dois anos e, mais uma vez, surge em período eleitoral", reagiu o ex-prefeito, por meio de sua assessoria. Pitta é candidato a deputado federal. "O ex-prefeito não teve relacionamento direto ou indireto com a contratação da obra", afirma Antenor Braido, ex-assessor de Comunicação da gestão Pitta. "Na Justiça o ex-prefeito vai comprovar sua inocência."

Os outros acusados, Rachelle e Safdié, não foram localizados para se defender da denúncia do MPF. Yunes também não foi encontrado.