Título: Dossiê Vedoin provoca crise entre Poderes e contamina economia
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/09/2006, Nacional, p. A4

Núcleo de risco e mídia da campanha de Lula, parte da 'Abin do PT', é extinto

Novo coordenador da campanha bate boca com presidente do TSE e temperatura aumenta

Vedoin depõe na PF e grampo revela que partido mobilizou pelo menos 11 pessoas no episódio

A dez dias da eleição, o escândalo causado pelo envolvimento de petistas graduados com o dossiê Vedoin fez subir a temperatura política e contaminou a economia. Ontem, o Ibope mostrou diminuição da diferença entre Lula e Alckmin. A Bovespa desabou e o nervosismo fez dólar e risco país dispararem (leia no caderno de Economia).

Nas fileiras petistas houve novas baixas: o núcleo de risco e mídia da campanha de Lula, parte da 'Abin do PT', foi extinto; não trabalha mais para a reeleição Gedimar Passos, preso com R$ 1,75 milhão em dinheiro. Ocorre o mesmo com Oswaldo Bargas, que intermediou entrevista de Luiz Antônio Vedoin à revista IstoÉ para acusar o candidato tucano José Serra. Agora são oito os petistas graduados afastados.

Reflexo do ambiente carregado foi o bate-boca entre o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, que assumiu o posto de coordenador da campanha da reeleição, e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Marco Aurélio Mello. Ressaltando que não procurava o confronto, Garcia reprovou a 'avaliação de caráter qualitativo' feita pelo ministro na véspera - quando considerou o atual escândalo 'mais grave que o Watergate', que derrubou o presidente Richard Nixon. Em resposta, o ministro Marco Aurélio disse que só está engajado em manter 'a prevalência da ordem jurídica'.

A Polícia Federal ouviu Vedoin durante horas. Pivô do escândalo e dono da empresa que chefiava a máfia dos sanguessugas, ele foi questionado sobre o dinheiro que receberia dos petistas presos e sobre suas declarações acusando tucanos. Diálogos interceptados pela PF aos quais o Estado teve acesso revelam que o PT mobilizou pelo menos 11 pessoas na operação e só 6 foram identificadas.

Com a evolução do caso, aparece um procedimento recorrente entre os acusados. Também Hamilton Lacerda, que perdeu o cargo na campanha de Aloizio Mercadante, está ligado a ONG que é beneficiária de recursos públicos de administrações petistas. É a Politeuo, que recebeu pelo menos R$ 1,69 milhão da prefeitura de Santo André, da Petrobrás e do Ministério do Trabalho.