Título: Lula tem de ser afastado, mas pelo voto, diz Alckmin
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/09/2006, Nacional, p. A14

No dia seguinte ao afastamento de Ricardo Berzoini da coordenação da campanha da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, afirmou que a imagem de seu oponente perante a opinião pública está seriamente comprometida.

'Há uma corrosão da credibilidade do presidente Lula. Não são pessoas da periferia (do poder), são assessores diretos, pessoas da intimidade do governo. É o presidente do partido, é o coordenador da campanha, são diretores do Banco do Brasil, do Banco do Estado de Santa Catarina', afirmou Alckmin, ao comentar a queda de supostos envolvidos no mais recente escândalo do governo petista, o do dossiê Vedoin.

Em dia de tom elevado nas críticas, o presidenciável tucano também reagiu com ironia ao comentar a saída não apenas de Berzoini, mas de outros personagens citados no escândalo, como o ex-assessor pessoal de Lula, Freud Godoy.

'Já afastou o diretor do BB (Expedito Veloso), o diretor do Besc (Jorge Lorenzetti), o coordenador da campanha, o presidente do PT. Essas coisas se repetem. Eu acho que tem que afastar o Lula. É mais prático porque não é possível; são sete envolvidos ligados ao Lula: você pega desde o churrasqueiro (Lorenzetti) passando pelo assessor direto, o Freud', comentou.

Alckmin passou o dia em São Paulo. Primeiro, concedeu entrevista à Rádio CBN, pela manhã. À tarde, assinou o termo de compromisso 'Presidente Amigo da Criança', na sede da Fundação Abrinq. Nas duas agendas públicas, não economizou nas críticas, mas se recusou a defender o impeachment de Lula. 'O Lula tem de ser afastado, mas é afastado pelo voto. É por isso que temos eleição', argumentou ele.

Entre uma atividade e outra, pausa costumeira para o café e uma rápida passagem pela farmácia. Motivo: conferir o peso. Diante do registro na balança digital da marca de 72,1 quilos, surpresa. 'A balança está certa?', perguntou ao farmacêutico. 'Sim, senhor', respondeu de bate-pronto. 'Então, emagreci dois quilos desde o começo da campanha', comemorou Alckmin para, em seguida, brincar com os jornalistas: 'Venham para o spa do Geraldo.'

SERIEDADE

Apesar do bom humor e da 'convicção' de que vai para o segundo turno, Alckmin insistiu em cobrar apuração sobre a origem do R$ 1,75 milhão para a compra do dossiê Vedoin. Chamou o governo do PT de 'mole', disse que o petista dá mau exemplo todo dia e está 'nas nuvens, de Aerolula', em vez de acompanhar os problemas do País, como na área da saúde.

Em mais uma tacada de críticas, apontou ainda a falta de seriedade do PT ao comentar o conteúdo do dossiê Vedoin, que comprometeria políticos tucanos como o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra. 'Se o PT tivesse realmente a intenção séria de apurar o escândalo dos sanguessugas, levaria a denúncia ao conhecimento do Ministério Público e pediria investigações.

Para ele, não houve ligações do candidato José Serra com a a máfia dos sanguessugas. 'Tiveram quatro anos para investigar e não o fizeram. Mas, se tiver justificativa, que se investigue', anotou, advertindo que 'tudo indica que não houve' ligações . 'Todos são iguais perante a Lei', finalizou.