Título: Roubo a bancos cresce 39% em SP
Autor: Bruno Tavares, José Dacauaziliquá
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/09/2006, Metrópole, p. C1

Os bancos voltaram a ser alvo dos ladrões em São Paulo. Estatísticas policiais relativas ao primeiro semestre mostram que, na comparação com 2005, houve aumento de 39,7% no número de assaltos no Estado. E, nos últimos 30 dias, foram pelo menos 15 ocorrências na capital e Grande São Paulo. Uma pessoa morreu e quatro se feriram - entre clientes, funcionários e policiais.

De janeiro a junho houve 109 assaltos a banco, ante 133 em todo o ano passado. Como os casos recentes ainda não entraram na contabilidade da Secretaria da Segurança, já no terceiro trimestre o número de ocorrências deve superar o total de 2005. Nos últimos nove anos, o número de roubos a bancos vinha caindo drasticamente. Em 1997, houve 972 casos. Quatro anos depois, o número tinha caído para 178.

Para o delegado Dimas Pinheiro, da Delegacia de Roubo a Bancos do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), o 'surto' atual é resultado de uma migração natural dos bandidos, verificada sempre que a polícia reprime outros delitos, como tráfico e seqüestros.

Outras fontes policiais não descartaram a hipótese de a retomada dos assaltos estar ligada à necessidade do Primeiro Comando da Capital - que tem no tráfico uma de suas principais receitas - de fazer caixa. 'Apesar de não termos captado ordens explícitas dos líderes da facção, as quadrilhas podem estar se dedicando a ações menos arriscadas e mais rentáveis - como roubos a banco', afirmou um policial.

No dia 1º, a Polícia Federal frustrou assaltos organizados pelo PCC às agências do Banrisul e da Caixa Econômica Federal, em Porto Alegre. No mesmo dia, 13 membros da facção foram presos em Botucatu. Iriam assaltar uma agência do Bradesco.

'É preciso analisar uma série de fatores para entender os motivos deste crescimento (nos assaltos a banco). O PCC é só um deles', ponderou o delegado Marcelo Sabadin, da Delegacia de Crimes contra o Patrimônio da PF. Policiais citaram entre esses outros fatores a queda no investimento em segurança por parte dos bancos e a proximidade do fim do ano, quando criminosos tendem a intensificar suas ações.

A violência empregada nos assaltos recentes chamou a atenção dos investigadores. No dia 23, por exemplo, a subgerente Bárbara Cristina Rosado, de 31 anos, foi morta com um tiro no rosto numa agência do Sudameris de Pinheiros, zona oeste. 'A maioria dos ladrões presos até agora é inexperiente, daí comete essas barbaridades', disse o delegado do Deic. De acordo com Pinheiro, só nos últimos 45 dias houve 25 prisões de pessoas ligadas a 19 casos de agências assaltadas na capital.