Título: CNI reduz projeção de crescimento para 2,9%
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/09/2006, Economia, p. B4

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reduziu a projeção de crescimento da economia brasileira neste ano de 3,7% para 2,9%. Também foi reduzida a estimativa de crescimento do setor industrial em 2006, de 5% para 3,5%. O Informe Conjuntural divulgado pela entidade afirma que a elevação dos gastos públicos é o principal inibidor do crescimento econômico. 'Compreender que esse é o fator maior que restringe o crescimento no Brasil é o passo mais importante para colocar o crescimento como prioridade', diz o documento. A CNI afirma ainda que fatores como carga tributária excessiva, juros altos e valorização do real ante o dólar sufocam a atividade econômica no País. 'É muito aquém do necessário e das expectativas que temos de criar um país competitivo', comentou o presidente em exercício da entidade, Carlos Eduardo Moreira Ferreira. 'Estamos marcando passo.' O presidente licenciado da CNI, Armando Monteiro Neto, afirmou que a revisão das projeções é resultado do fraco crescimento da economia no segundo trimestre. 'O tombo do segundo trimestre foi grande e o processo de contribuição de alguns setores, como o externo, leva esse crescimento perto de 3%', avaliou Monteiro Neto. DENÚNCIAS O presidente licenciado da entidade acredita que os últimos episódios envolvendo integrantes do PT, na compra de dossiê que envolveria o tucano José Serra na máfia das ambulâncias, não devem afetar as previsões econômicas para este ano. No entanto, segundo ele, é preciso ficar atento aos desdobramentos da crise política, porque ela pode afetar a percepção dos mercados, dos agentes econômicos e as decisões de investimento. Monteiro Neto acredita, também, que as denúncias recrudescem o quadro político que já era radicalizado. 'Essas denúncias foram inquietantes do ponto de vista da perspectiva da construção de um entendimento político do Brasil e da própria governabilidade para os próximos anos', avaliou.

SETOR EXTERNO

A CNI teme que a estimativa de arrecadação do governo, baseada em um crescimento de 4% este ano, não se confirme. Segundo a CNI, o comportamento das receitas nos próximos meses será fundamental para alcançar a meta de superávit primário deste ano (economia do País para pagar juros), de 4,25% do PIB. Segundo o Informe Conjuntural, o arrefecimento da atividade industrial deveu-se principalmente à contribuição negativa do setor externo. A valorização do real provocou uma queda de 0,68% no faturamento das empresas nos sete primeiros meses do ano, na comparação com igual período de 2005.