Título: Volkswagen do Brasil terá novo presidente em janeiro de 2007
Autor: Cleide Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/09/2006, Economia, p. B5

O presidente da Volkswagen do Brasil, Hans-Christian Maergner, deixará o comando da empresa em 31 de dezembro. O anúncio pode ser oficializado hoje pela matriz alemã, que também divulgará seu sucessor. Na semana passada Maergner fechou acordo com os metalúrgicos do ABC para a demissão de 3.600 funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo, a mais antiga do grupo no País. Aos 61 anos, ele vai se aposentar.

A direção da Volks no Brasil não comentou o assunto. A pessoas próximas, Maergner teria manifestado alívio pelo acordo aceito em assembléia no dia 14. 'Não queria encerrar minha carreira fechando essa fábrica.' No mês passado, a Volks ameaçou fechar a fábrica da Anchieta caso não houvesse acerto com o sindicato do ABC.

O acordo garantiu a produção de dois novos veículos em 2008 e 2009, período em que o quadro de pessoal terá sido reduzido de 12,4 mil para menos de 9 mil trabalhadores.

O alemão Maergner está no grupo Volkswagen há 42 anos. Antes de assumir a filial brasileira, em janeiro de 2004, dirigiu a unidade da África do Sul, país onde escolheu viver após a aposentadoria, junto com a esposa brasileira que conheceu aqui.

Engenheiro de formação, o executivo é especialista em corte de custos. Por isso a matriz o designou para o Brasil, terceiro maior mercado do grupo, mas com prejuízos há oito anos.

Maergner substitui Paul Fleming, que ficou no País pouco mais de um ano. Fleming foi o sucessor de Hebert Demel, que saiu sem prestígio depois que a matriz, passando por cima da negociação que ele conduzia no País, fechou com o então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Luiz Marinho, o acordo que deu estabilidade de cinco anos aos trabalhadores da Anchieta a partir de 2001.

'A Volks tem trocado muito rapidamente seu comando no Brasil nos últimos períodos; nunca sabemos o que vem pela frente', reagiu José Lopez Feijóo, presidente do sindicato.

Maergner chegou ao País com fama de durão. Logo depois de tomar posse, mandou recado aos metalúrgicos do ABC, considerada a categoria mais mobilizada do País. Avisou que o acordo de estabilidade, que vence em 21 de novembro, não seria renovado. 'Só sobre o meu cadáver', disse na época à imprensa alemã.

Na semana passada, ao participar de evento de apresentação do novo Polo, dois dias antes da assembléia que definiria o futuro da Anchieta, Maergner reafirmou que o Brasil perdeu competitividade por causa da política cambial. A Volks exportava 42% de sua produção e deve reduzir essa participação para 32% este ano. Para reduzir custos, Maergner já conseguiu acordos de reestruturação no ABC e em Taubaté. Falta negociar com os funcionários do Paraná, tarefa que ficará para seu sucessor. Até 2008, o grupo vai cortar 6 mil postos, dos 24 mil atuais.