Título: Lula diz que encontrará Evo depois das eleições
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/09/2006, Economia, p. B6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou ontem em entrevista ao programa Bom Dia Brasil, da TV Globo, que deverá se encontrar com o presidente da Bolívia, Evo Morales, após as eleições.

As relações entre Brasil e Bolívia atravessam momento delicado, depois que o país vizinho nacionalizou as reservas de gás e petróleo, em maio.

Na semana passada, o governo boliviano anunciou que vai se apropriar das refinarias da Petrobrás lá instaladas. Lula poderá ir a La Paz ou convidar o boliviano para uma visita ao País. 'Eu confio que a Bolívia tem a exata noção da importância do Brasil para a Bolívia, como o Brasil tem a exata noção do que significa o gás boliviano para o Brasil', ressaltou.

Lula deu uma estocada em seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, sem citar seu nome, ao dizer que o Brasil só passou a depender do gás boliviano em 1998. Antes disso, lembrou, o gás não fazia parte da matriz energética brasileira.

'Eu disse ao presidente Evo Morales: 'Evo, você não pode ficar com uma espada na cabeça do Brasil, porque você tem o gás. Porque nós também podemos colocar uma espada na tua cabeça, porque nós compramos o teu gás. E, se não vender para nós, vai ser muito difícil vender para alguém'', afirmou. 'O que o presidente Evo tem me dito é que nós vamos chegar a um acordo e vamos negociar. E eu acredito nisso', disse Lula.

Para o presidente, o comportamento político de alguns ministros da Bolívia não condiz com o que ocorre na 'mesa de negociação' entre os dois países sobre a questão do gás boliviano e derivados de petróleo.

'O meu ministro de Minas e Energia, o meu ministro das Relações Exteriores e o presidente da Petrobrás têm feito algumas reuniões com a direção do governo boliviano e a história que a gente vê na mesa é uma e na imprensa é outra', afirmou.

RETOMADA

O governo acredita que poderá retomar em 9 de outubro as negociações com a Bolívia em torno do preço do gás e da resolução boliviana que confiscou as duas refinarias da Petrobrás no país, disse ao Estado o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau.

A data havia sido proposta pelo próprio Rondeau, depois que ele e o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, cancelaram viagem que fariam a La Paz na sexta-feira passada.

O ministro comentou que está praticamente certa a realização dessa reunião entre ele e o novo ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas.