Título: PSDB compara os governos de Lula e FHC em cartilha
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/07/2006, Nacional, p. A7

O Instituto Teotônio Villela (ITV), do PSDB, atendeu ao desafio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e elaborou uma cartilha comparando os números e realizações do governo FHC com o atual. As comparações citam a implantação do Plano Real, as áreas da saúde, educação, transportes, comunicações e termina por, provocantemente, dizer que o Brasil, agora, tem "imagem de país corrupto". A cartilha será entregue hoje pelo deputado Sebastião Madeira, presidente do instituto, ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Segundo a cartilha - que deve orientar a campanha do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência -, o governo FHC ampliou "em mais de 50 vezes" o Programa Saúde da Família, propôs a vacina da gripe para idosos e distribuiu remédios básicos para 107 milhões de pessoas. Além disso, criou os genéricos, reduziu as mortes por aids e a mortalidade infantil. O texto acusa o governo Lula de permitir o aumento da mortalidade infantil nas populações indígenas. Exalta também os mutirões de cirurgias e o aumento dos transplantes.

Sob o lema "a verdade dos números contra o governo da mentira", diz que o governo FHC pôs 8,7 milhões de crianças no Bolsa-Escola, atendeu a 809 mil crianças no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e elevou o número de alunos do ensino médio em 77,5%. O texto considera o Fome Zero "uma invenção de marketing". O Plano Real, afirma, teria aumentado o consumo de carne de frango em 86%, suína em 57%, bovina em 35%, o de queijo em 41% e o de iogurte em 82%. Também relata que, em 1994, o Brasil tinha 13,3 milhões de telefones e, em 2002, atingiu 49,4 milhões.

RECORDES

Segundo o texto, os dois governos FHC duplicaram, restauraram e modernizaram 1.640 quilômetros de rodovias federais, enquanto o governo Lula teria descuidado da área. "O PT torra nosso dinheiro para empregar os companheiros". A comparação diz que a produção rural "bateu recordes" nos governos FHC, passando de 81 milhões de toneladas de grãos para 123,2 milhões ao fim do segundo mandato. E acrescenta que a produção caiu no governo Lula, até chegar a 113,9 milhões de toneladas na sagra 2004/2005. O governo Lula, diz, "está sendo considerado a pior praga da agricultura do Brasil". Ao mesmo tempo, afirma que o PT "faz aumentar o conflito no campo".

"O PT deixa o Brasil na lanterna", é a manchete de uma das páginas da cartilha, afirmando que o crescimento acumulado do Brasil sob o governo Lula (7,8%) foi bem menor que o crescimento médio da América Latina (12,9%). "Superou somente o crescimento do Haiti, um país muito pobre, destruído por corrupção e inserido em uma grave crise social", alerta.

Na área do emprego, a cartilha denuncia que aumentou a demissão dos que ganham mais de 3 salários mínimos e que Lula "descumpriu as promessas eleitorais de criar 10 milhões de empregos". E, durante seu governo, fez a dívida pública federal crescer "o dobro" do crescimento nos governos FHC - já teria chegado a R$ 1 trilhão. Outra acusação é que os investimentos estrangeiros no Brasil no governo Lula "definharam", assim como caiu o crescimento da produção de petróleo.

Sindicalistas organizam frente pró-Alckmin Representantes de sindicatos ligados à Força Sindical reuniram-se com o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, ontem em São Paulo para conversar sobre a articulação de uma frente sindical de apoio a ele. O lançamento da frente deve ser em Brasília nos próximos dias.

Um dos organizadores é Miguel Torres, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e integrante do Conselho Fiscal da Força. Ele disse que diferente da CUT, que apóia a reeleição do presidente Lula, a Força não optou por nenhum candidato. "Faço parte de um bloco de sindicatos que decidiu apoiar o Alckmin. No segundo turno da eleição passada votamos no Lula, acreditando ser uma luz no fim do túnel. Mas o que veio foi um trem carregado de escândalos."

Na reunião, sindicalistas manifestaram preocupação com a reforma trabalhista. Alckmin disse que no início dará prioridade às reformas política e tributária e negociará a trabalhista com entidades sindicais. "Expliquei que pretendo reduzir o grau de informalidade no mercado de trabalho. Hoje a quantidade de encargos sobre a folha salarial é enorme. Para aumentar a formalização e estimular a criação de postos temos de rever isso." Depois da reunião, ele passou por uma padaria para tomar café.

À noite, o tucano contou que a segurança será o grande tema de sua campanha. Para ele, os ataques do PCC em São Paulo foram uma reação às ações firmes do seu governo. "Não foi a primeira e não será a última reação."

Alckmin falou do tema depois de dar entrevista ao programa Canal Livre, da Bandeirantes. Indagado sobre o PCC, leu gravação feita numa penitenciária de Minas: "Se esse homem ganhar, ele põe até cadeira elétrica", diz o líder do crime organizado Fernando Cabeção, referindo-se a ele. "É óbvio que o crime organizado não quer minha presença, porque sabe que não temos medo de reação."