Título: UE aceita plano do Brasil e adia embargo sanitário
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/08/2006, Economia, p. B8

A União Européia (UE) deu sinal verde para o plano do governo brasileiro de controle dos resíduos nas carnes exportadas pelo País e adia, pelo menos por enquanto, a idéia de um embargo aos produtos nacionais por motivos fitossanitários. A informação é do setor privado nacional, que comemorava ontem as informações. Depois de dois anos se queixando do tratamento dado pelos produtores brasileiros aos alimentos exportados, Bruxelas estava prestes a banir o comércio do setor com o Brasil. Na terça-feira, porém, os europeus enviaram uma carta de cinco páginas à Brasília, dando mais uma chance e aceitando o cronograma de estabelecimento do plano de controle de resíduos. Mas avisaram: vão fiscalizar minuciosamente as ações do Brasil.

A UE se queixava de que vários resíduos considerados tóxicos no mercado europeu não eram devidamente controlados no Brasil em produtos como carne suína, de frango e bovina, mel, leite, ovos e frutas. Os agricultores na Europa se aproveitaram do problema identificado no País para pedir à Comissão Européia que impedisse a entrada desses produtos. Esses produtores vêm tentando encontrar formas de atrapalhar a concorrência brasileira e, com as falhas fitossanitárias, tinham nas mãos um argumento.

Holandeses e franceses, por exemplo, queixam-se do aumento das exportações brasileiras de frango à Europa.

Em julho, porém, o governo brasileiro enviou aos europeus um plano de como trataria da questão. Bruxelas avaliou a proposta e acabou acatando. O Brasil promete implementar a metodologia européia de controle de resíduos até final de 2007, o que exige 450 testes em laboratório por ano com cada substância. Para os exportadores brasileiros a notícia de que a Europa aceita o plano de controle de resíduos foi importante. "Se o embargo fosse aplicado, poderíamos ficar sem exportar para a Europa", explicou Ricardo Gonçalves, presidente da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frango (Abef).