Título: Para sub-relator da CPI, nenhum assessor tem história plausível
Autor: Fausto Macedo, Sônia Filgueiras e Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2006, Nacional, p. A6

A CPI dos Sanguessugas tomou ontem o depoimento de 7 dos 29 assessores de parlamentares convidados para explicar depósitos em suas contas bancárias feitos pela família Vedoin, dona da Planam, principal empresa do esquema das ambulâncias superfaturadas.

De acordo com o sub-relator da comissão parlamentar de inquérito, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), os depoimentos deixaram claro que o esquema é grandioso, apesar de a maioria dos assessores negar ter recebido propina da família Vedoin.

"Teve apenas um depoimento em que a assessora disse que recebeu o dinheiro e repassou para o deputado. Os outros disseram que o dinheiro era fruto de trabalho de consultoria", afirmou Aleluia.

Ana Alberga Dias, assessora do deputado Vanderlei Assis (PP-SP), contou à comissão que os Vedoin depositaram dinheiro em sua conta por determinação do parlamentar. Vanderlei Assis disse para sua assessora que o dinheiro referia-se a quadros que ele pintou e havia vendido para integrantes da família Vedoin.

"Ninguém trouxe uma história plausível", observou o deputado Aleluia.

PARENTES

Sobrinho do deputado Ildeu Araújo (PP-SP), o assessor Marcos Antônio Araújo negou ter recebido em sua conta bancária R$ 19,2 mil, no segundo semestre de 2005. A denúncia foi feita à Justiça Federal de Mato Grosso no depoimento do empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin.

"Esse assessor afirmou que enviou à CPI o extrato de sua conta bancária e garante não ter recebido depósito. Tudo isso tem de ser checado", disse o sub-relator Aleluia.

Hoje, integrantes da CPI devem continuar a ouvir depoimento de assessores de parlamentares acusados de envolvimento com a máfia dos sanguessugas.

Levantamento feito pela comissão de inquérito constata o depósito em conta corrente de 25 assessores de parlamentares. Outros 15 parlamentares receberam o dinheiro em suas próprias contas bancárias ou nas de parentes, de acordo com provas que estão em poder da comissão.