Título: Prefeito pede as ambulâncias que ninguém queria
Autor: Nelson Francisco
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2006, Nacional, p. A7

O prefeito de Brodowski (SP), Antonio José Fabbri (PTB), não se incomoda de ficar com o mico. Pelo contrário, ele é capaz até de solicitar o mico por escrito, em ofício de duas vias. Fabbri visitou Brasília ontem com requerimentos para os mais variados ministérios, inclusive o pedido para ficar com duas das sete ambulâncias negociadas pela máfia dos sanguessugas que estão paradas em um galpão em Capela do Alto (SP), como mostrou reportagem do Estado publicada anteontem.

"Se ninguém quiser as ambulâncias encostadas, o prefeito quer", explicou o assessor de Planejamento da prefeitura José Marcos Passos Valente, que alertou Fabbri sobre a reportagem. "Nós temos quatro ambulâncias muito antigas em Brodowski e toda semana alguma está quebrada. A mais nova que temos é de 1999 e hoje uma nova custa os olhos da cara."

A cidade tem uma rede de saúde razoável para seus 20 mil habitantes. São duas unidades de pronto-atendimento, uma Unidade Básica de Saúde (UBS), um centro de saúde estadual tocado pela prefeitura e uma unidade mista hospitalar na qual é possível fazer internações. "E estamos dispostos a ter essas novas ambulâncias, seja por doação, seja por transferência a fundo perdido. Estamos dispostos até a negociá-las, só não podemos deixá-las estragar", explicou o assessor.

Segundo ele, os veículos de que a cidade dispõe hoje para o transporte de doentes são "pau para toda obra": rodam tanto pela zona rural do município, quanto pela estrada que liga a cidade a Ribeirão Preto, onde são feitos os atendimentos dos doentes mais graves - rodovia, aliás, que leva o nome de Cândido Portinari, o mais ilustre filho de Brodowski.

Na verdade, o que virou mico para os envolvidos na máfia dos sanguessugas teria mil utilidades para a cidade. "Estamos morrendo de sede e tem gente jogando água fora", queixa-se Valente.