Título: Plataformas já são 75% nacionais
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2006, Economia, p. B5

O índice de nacionalização das plataformas P-51 e P-52, que estão em construção em Angra dos Reis, região sul fluminense, vai superar o inicialmente previsto pela Petrobrás. O patamar deverá alcançar entre 70% e 75%, em média, ante os 65% esperados. Na prática, trata-se de um nível recorde, já que em outras plataformas anteriores da estatal esta participação não passou da faixa de 40% a 50%.

"A resposta da indústria nacional foi maior do que esperávamos", comentou ontem o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, que acompanhou a "vistoria" que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nas etapas de construção, em Angra, no estaleiro Brasfels, das duas plataformas. Lula lembrou a polêmica que marcou a ampliação dos níveis de nacionalização e comentou que a indústria naval está se recuperando no país, que "voltará a ter uma grande marinha mercante e grandes estaleiros".

Depois da posse, o atual governo decidiu exigir um nível de nacionalização das duas plataformas. Isso não estava previsto no edital de 2002, o que provavelmente levaria as plataformas a serem feitas basicamente no exterior. "O conteúdo nacional no lugar de atrasar a obra está mantendo-a dentro da previsão", chegou a comentar o presidente da estatal. As duas plataformas somam investimentos de US$ 1,9 bilhão e estão gerando 9,1 mil empregos diretos e 27,3 mil indiretos.

A P-52 teve o casco feito em Cingapura e o resto da construção no País. A plataforma está em fase final de construção e deverá começar a produzir em fevereiro. Já a P-51 é considerada a primeira semi-submersível (unidade flutuante de produção) a ser integralmente construída no Brasil. A plataforma está prevista para começar a operar em fevereiro de 2008.

Gabrielli apresentou dados do planejamento estratégico da empresa, como a previsão de produção de 2,3 milhões de barris/dia em 2011 e 2,8 milhões em 2015. O diretor de exploração e produção da estatal, Guilherme Estrella, comentou que grandes máquinas e equipamento mais sofisticados ainda precisam ser importados, num patamar que equivale de 10% a 15% das plataformas.

Segundo Estrella, o objetivo é nacionalizar até chegar a este patamar. A partir daí, dependeria de se alcançar escala que permitisse a decisão de fabricação local destes equipamentos. Comentou ainda que continuam as negociações com a Repson YPF para a exploração em sociedade do campo de gás de Mexilhão, na Bacia de Santos. Disse, ainda, que foi adiada de agosto para setembro o lançamento do edital de licitação das obras das plataformas P-55 e P-57.