Título: PSDB acena com reforma da Previdência
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/09/2006, Nacional, p. A4

Debate entre os assessores econômicos dos candidatos à Presidência, realizado ontem em Brasília, revelou que a questão previdenciária é hoje uma das principais diferenças entre os programas do tucano Geraldo Alckmin e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Embora tratado como problema fiscal grave por ambos os candidatos, apenas o do PSDB sinaliza com a realização de uma reforma da Previdência para reverter o déficit entre as despesas com benefícios e a arrecadação com a contribuição dos trabalhadores.

'Essa reforma da Previdência terá de ser encaminhada, e o candidato do PSDB fará isso', afirmou o economista e professor Antonio Márcio Buainain, assessor de Alckmin, durante seminário promovido pelo Conselho Federal de Economia.

Há um mês, em entrevista no Estado, o presidenciável tucano havia praticamente descartado uma nova reforma, dizendo que o rombo do INSS - que pode chegar a R$ 41 bilhões em 2006 - deveria ser combatido com crescimento econômico e redução do emprego informal.

Buainain, no entanto, disse ontem que a reforma 'deverá respeitar todos os direitos' e, sem detalhar qual é a posição de Alckmin, antecipou que um dos temas a ser tratado, no caso de vitória do tucano, deve ser o da idade mínima para a aposentadoria dos trabalhadores da iniciativa privada.

O economista Nelson Barbosa, secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda e nomeado pela cúpula petista para falar ontem sobre o programa de Lula, também elegeu o financiamento da Previdência como o grande problema estrutural do País. Por causa das pressões demográficas (o envelhecimento da população brasileira), segundo ele, as despesas previdenciárias apresentam um crescimento vegetativo de 3% a 4% ao ano.

Apesar disso, o programa de Lula e o próprio candidato já disseram que não pretendem promover nova reforma constitucional nem interromper o processo de aumento do salário mínimo acima da inflação. 'É possível estabilizar as contas da Previdência com crescimento econômico mais forte e aumento moderado do salário mínimo', disse Barbosa.

Ele informou que o PT não quer fixar uma meta para o crescimento econômico, mas acha necessário e factível uma taxa de 5% ao ano no próximo mandato. 'Achamos que o crescimento tem de ser pelo menos de 5% ao ano nos próximos anos', disse.

De acordo com o economista César Benjamin, candidato a vice na chapa de Heloísa Helena, do PSOL, a equipe do presidente Lula também está trabalhando nos bastidores com a perspectiva de nova reforma previdenciária, embora não anuncie isso publicamente na campanha.