Título: PSDB admite que precisa redefinir rumos em 2007
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/09/2006, Nacional, p. A6

Independentemente do resultado das eleições, o comando nacional do PSDB tem uma certeza: será preciso redefinir com urgência o papel do partido e seu rumo de atuação a partir de 2007. Ainda que de modo superficial, o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, vem defendendo essa discussão em conversas com interlocutores - até já tratou disso diretamente com o presidente do partido, senador Tasso Jereissati (CE). O deputado Arnaldo Madeira (SP), um dos tesoureiros do partido, tem a mesma posição. 'Qualquer que seja o resultado da eleição, vamos fazer uma avaliação de tudo', disse.

Segundo Madeira, a carta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que causou polêmica interna e variadas interpretações dos adversários do PSDB, estaria dentro desse contexto. 'No fundo, a carta é uma provocação no sentido da definição de atitudes e para nos diferenciar do PT', analisou o deputado. Apesar de prematura, essa discussão de rumos poderá também desaguar na briga interna pelo controle do PSDB, mesmo levando em conta que o mandato de Tasso à frente do partido se expira apenas em novembro de 2007. O senador afirma não ter apego ao cargo e não seria obstáculo a eventuais propostas de mudanças.

No entanto, integrantes do comando da campanha de Geraldo Alckmin, que transita no grupo de Fernando Henrique Cardoso e de José Serra, não acreditam que o comando de Tasso esteja ameaçado por essa ala do PSDB paulista. Mas reconhecem que o senador terá de superar alguns problemas depois das eleições, principalmente os descontentamentos de tucanos com algumas alianças estaduais que favoreceram o PFL em detrimento do PSDB.

Além disso, setores do partido responsabilizam Tasso pela manutenção das candidaturas do deputado Eduardo Paes (PSDB) ao governo do Rio e do senador Arthur Virgílio(PSDB) ao governo do Amazonas. Acham que ele não foi suficientemente forte para impedir essas candidaturas, que não decolaram e só prejudicaram a campanha nacional.

FUTURO

Tasso foi um dos defensores da candidatura de Alckmin ao Planalto e mantém relações estreitas com o governador de Minas, Aécio Neves, que, como Serra, tem projetos de disputar a Presidência em 2010. Desse modo, se quiser mesmo entrar no páreo daqui a quatro anos, Serra terá de trabalhar para ter o controle do partido e vencer Aécio numa eventual disputa interna.

Na avaliação de estrategistas da campanha de Alckmin, para chegar ao segundo turno o presidenciável está dependendo particularmente da força eleitoral de Aécio em Minas, o segundo colégio eleitoral do País. Ao mesmo tempo, Serra ainda precisa de Alckmin e seu prestígio como ex-governador do Estado para assegurar sua vitória no primeiro turno.