Título: Turbulência viria de grupo aliado a Alckmin
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/09/2006, Nacional, p. A6

Os desentendimentos no PSDB que têm causado turbulências à campanha de Geraldo Alckmin não brotam dos grandes nomes do partido - Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin, José Serra ou Aécio Neves - nem são chanceladas por eles, mas se originam num grupo que cerca o presidenciável, identificam tucanos graduados. O grupo tem origem comum - todos são ligados ao ex-governador Mário Covas e hostis em relação a Serra.

Foi decisiva a ação do grupo para convencer o presidenciável a adotar um estilo mais agressivo. Em São Paulo, o grupo decretou o fim informal da campanha unificada de Alckmin e Serra, porque o ex-prefeito recusou um estilo mais contundente.

Depois, convenceu Alckmin de que FHC agia contra sua candidatura. Os tucanos admitem que Fernando Henrique está irritado com Alckmin, que não defende seu governo das acusações. A estratégia do presidenciável é comparar sua própria gestão com o governo Lula.

Altas lideranças estão convencidas de que o grupo está fomentando a discórdia entre Serra e Aécio, aproximando o governador mineiro de Alckmin, servindo a dois objetivos. De um lado, engaja Aécio de forma mais decisiva na campanha; de outro, antecipa um suporte político ao presidenciável no partido.

O grupo receia que, em caso de derrota, Alckmin seja 'esmagado' por Serra em São Paulo. E, para retomar o fôlego, precisará de um posto de prestígio e boa exposição. Esse cargo é a presidência do PSDB.

A primeira parte deu certo. Mas a segunda pode naufragar, pois Serra e Aécio já se deram conta de que tem gente operando para intrigá-los num momento delicado - a reta final de eleições em que os dois caminham para votações consagradoras. Por isso, já combinam meios para eliminar as desavenças.