Título: Crise faz de Lula o prato do dia dos outros candidatos
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/09/2006, Economia, p. B5

A nova crise com a Bolívia tornou-se um dos pratos preferidos do dia dos candidatos da oposição à Presidência. Para o tucano Geraldo Alckmin, que passou o dia em Juiz de Fora (MG), isso ocorreu porque a reação do governo Lula, desde o início, 'foi submissa, omissa e fraca'. 'Lá atrás, eu já teria deixado clara a minha posição de total defesa do interesse nacional', afirmou.

De acordo com o candidato tucano, o episódio é ruim não apenas para o Brasil, mas também para a Bolívia e toda a América Latina. E destacou que a insegurança jurídica provocada pela quebra de contrato deverá prejudicar novos investimentos nesses países.

'O governo Lula já deveria ter recorrido à Corte Internacional, pois essa não é uma questão eleitoral', emendou. Sobre um possível rompimento com lideranças internacionais polêmicas, como é tido o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, Alckmin afirmou que o caminho é o da diplomacia. 'Não há necessidade de se afastar desse ou daquele', disse, anotando que tudo pode ser resolvido pelas vias diplomática e jurídica

Heloísa Helena (PSOL), que esteve na Baixada Santista, disse quase o mesmo. 'O quadro dramático que está acontecendo hoje é resultado da incompetência política do governo Lula', disse. Para a senadora, o presidente 'tinha a obrigação', na primeira semana de governo de Evo Morales, de ir ao seu encontro, 'com o melhor de nossa missão diplomática e com a direção da Petrobrás', para discutir a questão dos bens e investimentos brasileiros 'e a compensação que seria dada à indústria nacional'.

Também entre os candidatos ao governo paulista o assunto mereceu comentários. José Serra, do PSDB, disse que o problema é resultado de uma série de erros do governo federal. 'É uma seqüência de enganos. O governo federal atua de maneira triunfalista, não foi firme quando devia, embora agora esteja sendo mais.'

O candidato do PT, senador Aloizio Mercadante, disse esperar 'que prevaleça o bom senso' na crise. Em visita à zona leste de São Paulo, Mercadante insistiu que a Bolívia 'precisa respeitar os investimentos brasileiros'. 'Espero que prevaleça uma posição equilibrada e de bom senso por parte do governo boliviano', disse.