Título: Emprego industrial volta a crescer
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/09/2006, Economia, p. B8
Após nove meses em queda, em julho o emprego industrial voltou a crescer em comparação com igual mês do ano anterior. O aumento de 0,3% nessa base de comparação foi o mesmo apurado em relação a junho. Para Isabella Nunes, da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o quadro do mercado de trabalho da indústria é de 'estabilidade com viés positivo'.
Segundo ela, o emprego vem acompanhando o ritmo da produção, com 'suave crescimento'. Os dados divulgados ontem mostraram que os pequenos aumentos em julho não evitaram a persistência de queda nos indicadores acumulados no ano e em 12 meses, ambos com queda de 0,4%.
'Há resultados positivos, mas com ritmo moderado', observou Isabella, para quem o emprego só crescerá com mais força quando a produção reagir com maior vigor 'em setores com mais empregabilidade'.
Ela exemplificou que os setores que têm puxado a produção, como os vinculados às commodities (minério de ferro, alimentos e bebidas), não são os mais empregadores, enquanto outros segmentos intensivos em mão-de-obra, como calçados, vestuário e máquinas e equipamentos, continuam apresentando fraco desempenho na atividade.
Isabella avalia também que o crescimento do emprego em porcentuais inferiores ao da produção - que cresceu 0,6% em julho comparado a junho -, é justificado pelos ganhos de produtividade na indústria.
Em documento, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) destaca que o crescimento do emprego está ocorrendo de forma muito concentrada e apenas 7 de 18 ramos pesquisados mostraram expansão em relação a julho de 2005.
ECONOMIA FRACA
Para o Iedi, os dados do emprego industrial refletem a economia 'fraca' no início do semestre e 'setores mais afetados pela valorização cambial (têxtil e vestuário, calçados e couros, madeira e móveis) estão em fase de redução de efetivos'.
Assim como na produção, a indústria paulista puxou os resultados do emprego em julho. No Estado, que responde por 40% da produção e do emprego do setor no País, houve crescimento da ocupação de 1,4% em julho ante 2005.
Para as regiões, não há dados nessa pesquisa em comparação com o mês anterior. O crescimento da ocupação em São Paulo foi puxado pelo setor de alimentos e bebidas (10,5%), impulsionado pelo segmento sucroalcooleiro.
RENDA
No caso da folha de pagamento do setor, Isabella disse que a queda de 0,2% em julho em relação a junho é uma 'acomodação' após crescimentos anteriores mais fortes, e a tendência permanece positiva, como resultado da inflação mais baixa e da recuperação dos salários. Na comparação com julho de 2005, a folha aumentou 1,9% e houve expansão no acumulado do ano (0,9%) e nos últimos 12 meses (1,7%).