Título: Líbano exige que projeto da ONU inclua retirada israelense
Autor: Daniela Kresch
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/08/2006, Internacional, p. A8

O Líbano oficializou ontem sua exigência de que seja incluído no projeto de resolução da ONU para um cessar-fogo um chamado para a retirada imediata das tropas israelenses do território libanês. A exigência foi apresentada ontem pelo embaixador libanês na ONU, Nouhad Mahmud, durante reunião dos membros permanentes do Conselho de Segurança. =Ele também pediu que a força internacional de paz que deve ser enviada ao sul do Líbano entregue o controle da zona fronteiriça ao Exército libanês 72 horas após a trégua.

A rejeição libanesa do projeto de resolução em seus termos atuais - acertados sábado entre EUA e França - foi reiterada em Beirute pelo presidente do Parlamento, o muçulmano xiita Nabih Berri, que também é negociador do Hezbollah. Berri disse que a resolução ignora o plano de sete pontos apresentado pelo governo libanês (que inclui o grupo xiita) uma semana antes. Esse plano propõe, entre outras coisas, o cessar-fogo imediato, a troca de prisioneiros, a retirada das forças israelenses e o controle do sul do Líbano pelo Exército libanês.

Os EUA esperam que a resolução seja aprovada na terça, mas a Rússia informou que Conselho de Segurança está longe de obter um acordo sobre o texto. Ela citou divergências quanto à forma como a resolução lidaria com as disputas territoriais e os prisioneiros dos dois lados. O documento exige que o Hezbollah suspenda imediatamente seus ataques e que Israel suspenda imediatamente suas operações militares ofensivas.

Agora principal prioridade da França - que estuda emendas à resolução - é obter o apoio do Líbano e do mundo árabe. O chanceler sírio, Walid Moallen, declarou em Beirute que o projeto franco-americano é uma ¿receita para continuar a guerra¿ e ressaltou que as Forças Armadas de seu país receberam ordens de responder a qualquer ataque israelense. Israel prometeu várias vezes que não atacará a Síria. Esta é a primeira visita de Moallen a Beirute desde que a Síria encerrou 29 anos de presença militar no Líbano no ano passado, apóso assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafic Hariri. A Síria e o Irã são acusados de armar o Hezbollah.

Autoridades israelenses, por sua vez, se manifestaram favoráveis ao projeto de resolução, mas o porta-voz da chancelaria, Mark Reguev, insistiu que o cessar-fogo não pode permitir que o Hezbollah se rearme. Para a secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, a resolução será um primeiro passo para conter a violência no Oriente Médio, mas não resolverá os problemas do Líbano. Segundo Rice, o governo libanês precisa estender sua autoridade ao sul do Líbano e retomar do Hezbollah o controle da região. Ela também disse que a comunidade internacional precisa ajudar o Exército libanês a ter êxito nos próximos meses.

Além de pedir o cessar-fogo, o projeto franco-americano prevê a aprovação de uma segunda resolução em até duas semanas para autorizar o envio de uma força internacional à fronteira entre Israel e Líbano e a criação de uma ampla zona-tampão no sul do Líbano, monitorada pelo Exército libanês e pela força internacional. REUTERS, AP e AFP