Título: Pior ataque do Hezbollah mata 15 e fere mais de 180 em Israel
Autor: Daniela Kresch
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/08/2006, Internacional, p. A8

Quinze israelenses morreram e mais de 180 ficaram feridos em dois ataques do Hezbollah ao norte do país, no dia com mais vítimas em Israel desde o começo do conflito com a guerrilha libanesa, em 12 de julho. No primeiro ataque, 12 reservistas do Exército israelense morreram e mais de 20 ficaram feridos quando um foguete Katiusha atingiu um estacionamento na entrada da comunidade agrícola de Kfar Guiladi, na fronteira com o Líbano. Horas mais tarde, outra bateria de mísseis Raad-2 atingiu um bairro residencial de Haifa, terceira maior cidade do país, matando 3 civis e ferindo mais de 160 pessoas.

Os ataques elevaram a 94 o número de israelenses mortos desde o começo do conflito com o Hezbollah (58 soldados e 36 civis). Do lado libanês, 20 pessoas morreram ontem nos ataques israelenses, elevando o total para 759 (ler na pág. 9).

Só ontem, o Hezbollah lançou mais de 200 foguetes e mísseis contra Israel, seguindo a médias dos últimos dias. Em 26 dias, o Hezbollah lançou mais de 3 mil em solo israelense. O primeiro ataque de ontem ocorreu por volta do meio-dia (horário local). Uma bateria de 80 Katiushas atingiu, em menos de 30 minutos, os arredores do kibutz Kfar Guiladi, matando imediatamente dez soldados da reserva que descansavam no local. Outros dois morreram no hospital Rambam, em Haifa. Segundo testemunhas, os soldados ignoraram as sirenes de alerta para possíveis ataques e não buscaram refúgio em abrigos antiaéreos próximos.

¿Isso não deveria ter acontecido¿, disse um morador de Kfar Guiladi que integra o comitê de segurança do kibutz. ¿Ativamos as sirenes vários minutos antes da queda dos foguetes.¿ O ataque destruiu vários carros e causou uma série de incêndios na região. Equipes de socorro médico tiveram dificuldade em resgatar feridos e os corpos dos soldados mortos, já que mais foguetes atingiram o local durante os trabalhos de salvamento. Um dos foguetes atingiu uma casa na cidade próxima de Kiryat Shmona, mas ela estava vazia. Katiushas também atingiram a cidade de Safed e o vilarejo de Maalot. Sirenes também foram ouvidas nos arredores de Hadera, a 75 quilômetros da fronteira.

O ataque a Haifa ocorreu por volta das 20 horas locais e matou três civis que estavam num prédio atingido diretamente por um míssil do Hezbollah. O edifício pegou fogo e desabou. Cinco pessoas foram retiradas com vida dos escombros e outras 160 ficaram feridas. Equipes de primeiros-socorros chegaram em poucos minutos, mas encontraram dificuldades nos trabalhos de resgate por causa da multidão que se formou nos arredores do local atingido. O prédio que desabou fica num bairro onde moram judeus, muçulmanos e cristãos. Haifa é considerada a cidade israelense onde a convivência entre as três religiões - principalmente entre muçulmanos e judeus - é a mais pacífica do país. Ao todo, 29 mísseis atingiram a cidade só ontem.

¿O que vemos em Haifa explica a essência da batalha de Israel contra o Hezbollah, que continua a se esconder atrás de civis libaneses¿, disse David Baker, porta-voz do primeiro-ministro Ehud Olmert. Horas depois, o Exército anunciou ter bombardeado e ¿destruído totalmente¿, na cidade libanesa de Qana, os lançadores dos mísseis disparados contra Haifa.

GUERRILHEIRO CAPTURADO

Em busca de triunfos militares na guerra contra o Hezbollah, o Exército revelou ontem que tropas detiveram um dos militantes da guerrilha xiita responsáveis pela captura dos soldados israelenses Ehud Goldwasser e Eldad Regev. A dupla captura, em 12 de julho, foi o estopim do atual conflito.

O general Amos Yadlin, chefe da inteligência do Exército, informou ao gabinete israelense, reunido de manhã em Jerusalém, que o militante libanês foi interrogado por agentes da inteligência militar. Yadlin também afirmou que mais de 400 guerrilheiros do Hezbollah foram mortos por Israel desde o começo das hostilidades. O grupo admite apenas 52 baixas.