Título: Difusão do tumor mata 90% dos pacientes
Autor: Adriana Dias Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/08/2006, Vida&, p. A17

Menos de 10% das mortes por câncer são causadas pelo tumor primário. O restante corresponde a metástases de pontos vitais, como pulmões, fígado, ossos e cérebro. O maior desafio da ciência é conhecer a origem da metástase. Além da teoria de que as células-tronco estão no centro da doença, há outras hipóteses que estão sendo investigadas.

Há evidências, por exemplo, de que um tipo de célula branca do sangue, o macrófago, pode ajudar a iniciar a colonização. Antes se pensava que a alta quantidade de macrófagos encontrada em colônias de câncer metastático estava ali para combatê-lo. Agora acredita-se que eles, de alguma maneira, promovem fatores que ajudam a progressão dos tumores. É provável que outras células normais produzam enzimas que afrouxam a estrutura celular do novo órgão hospedeiro, abrindo espaço para a proliferação das células do tumor.

Outra frente de investigação tenta desvendar a metástase óssea. As células do câncer de mama são conhecidas por ativar células normais chamadas osteoclastos, que rompem ossos. O osso é um tecido dinâmico que está sendo constantemente rompido e reconstruído. Mas quando é degradado, libera fatores de crescimento que incidentalmente alimentam o câncer.

Alguns cientistas, por sua vez, identificaram mais de uma dúzia de genes metastáticos, que impedem a formação de micrometástases, e não afetam tumores primários. Em vários estudos com camundongos, pesquisadores repararam esses genes metastáticos deficientes e descobriram que as células de tumor se propagavam mas não estabeleciam micrometástases.

Em estudos epidemiológicos, alguns desses genes que foram identificados se mostraram capazes de predizer a sobrevivência do paciente à metástase. "Qualquer avanço pode salvar muitas vidas, mas é apenas um passo", diz Joan Massagué, presidente do Programa de Biologia e Genética do Câncer do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center em Nova York.