Título: Furlan diz que o PIB crescerá até mais de 4%
Autor: Paula Puliti
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/08/2006, Economia, p. B4

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, afirmou que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescerá ao redor ou acima de 4% este ano. Ele rebateu notícia publicada no Estado segundo a qual a atividade econômica está em desaceleração. "Somos muito influenciados por eventos de curtíssimo prazo", disse ele.

Para Furlan, os últimos dados da produção industrial do IBGE - queda de 1,7% em junho, ante maio - foram afetados pela Copa do Mundo e pelo inverno fraco no sentido de reduzir as vendas de alguns setores.

"Temos, sim, uma base de crescimento consistente e as variações sazonais serão compensadas. Para isso, precisamos manter a redução dos juros e desonerar a produção", afirmou Furlan, que ontem participou de encontro com empresários em São Paulo.

O ministro também rebateu a tese de que o desempenho externo seja responsável pela redução nas projeções do PIB. "Os números do setor externo mostram uma vitalidade e um dinamismo muito grandes. As exportações crescerão acima de US$ 130 bilhões no ano e em 12 meses já registram alta de 15%", afirmou.

Segundo Furlan, agosto será um mês de recordes nas exportações e na corrente comercial. As exportações devem superar os US$ 13 bilhões pela segunda vez na história, informou. Ele admitiu que o desempenho dos setores têxteis, de calçados e móveis piorou em relação a anos anteriores, mas há outros com forte crescimento.

O ministro ainda reclamou da burocracia do governo e defendeu a reforma no sistema de licitações de obras de emergência em infra-estrutura para elevar a competitividade e a produtividade das indústrias exportadoras e, assim, compensar a valorização do real.

"O governo tem recursos, mas a burocracia pesada, os mandados de segurança e as licenças ambientais impedem a realização dos projetos", afirmou o ministro.

Ele disse que estão "quase maduras" no Ministério do Planejamento algumas medidas nesse sentido, mas não quis adiantar os detalhes.

Mercado prevê alta de 3,53%

Pela segunda semana consecutiva, o mercado financeiro reduziu a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano. A previsão passou de 3,55% para 3,53%, segundo pesquisa semanal do Banco Central (BC). A revisão, na opinião da economista Marcela Prada, da Consultoria Tendências, ainda é reflexo da queda de 1,7% na produção industrial de junho. A economista diz que trabalha com um cenário de recuperação da produção industrial em julho. "Com um número melhor, as projeções podem voltar para algo mais próximo de 3,6%", disse o economista-chefe da Corretora Concórdia, Elson Teles, para quem a retração de junho foi provocada por fatores pontuais.