Título: Heloísa Helena sobe e viabiliza 2º turno
Autor: Gabriel Manzano Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2006, Nacional, p. A5

Um significativo crescimento de 4 pontos da candidata do PSOL, a senadora Heloísa Helena, que em um mês passou de 6% para 10% das intenções de voto, está tirando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo os novos números do Datafolha, a certeza de se reeleger no primeiro turno.

Essa alteração do cenário eleitoral é a mais importante revelação da pesquisa, divulgada ontem pelo Jornal Nacional, da Rede Globo. A ascensão da senadora alagoana coincidiu com uma queda de 2 pontos percentuais do presidente Lula - que tinha 46% em junho e passou para 44%. Seu rival direto na disputa, o tucano Geraldo Alckmin, perdeu 1 ponto, descendo de 29% para 28%.

Três outros candidatos dividem o quarto lugar atrás de Heloísa Helena, com 1% das intenções de voto. São eles Cristovam Buarque, do PDT, José Maria Eymael, do PSDC, e o candidato Rui Costa Pimenta, do PCO, que não havia alcançado até agora o patamar mínimo de 1%. O total de brancos e nulos permaneceu em 7%, como em junho, e 8% dos eleitores consultados não souberam ou não quiseram responder; esse índice era de 9% na pesquisa anterior. Luciano Bivar, do PSL, não chegou a 1%. A pesquisa não incluiu o nome de Rogério Vargas, do PSC, que acabou não inscrevendo sua candidatura.

A soma dos votos válidos atribuídos ao presidente Lula - descontados os nulos, brancos e indecisos - chega, pelos índices da pesquisa de ontem, a 52%. Como a margem de erro é de 2 pontos percentuais, ele pode tecnicamente estar com 50%, exatamente a metade do eleitorado. A vitória em primeiro turno depende de maioria simples de votos, ou seja, metade mais um. Assim, já não se pode afirmar que o presidente dispõe de votos suficientes para garantir a reeleição no primeiro turno. Na pesquisa anterior, o presidente tinha em primeiro turno 54% dos votos válidos.

SEGUNDO TURNO No segundo turno, segundo o Datafolha, Lula perde 1 ponto dos 11 que tinha à frente de Alckmin: ele cai de 51% para 50% dos votos, enquanto o ex-governador paulista continua com os mesmos 40% de junho. O histórico da pesquisa, ao longo de quatro meses, mostra uma lenta redução da vantagem do presidente. Ela era de 15 pontos percentuais no mês de abril (52% a 37%). Subiu para 17 pontos em maio (52% a 35%). A curva inverteu-se nas duas pesquisas seguintes, e a diferença caiu para 11 pontos em junho (51% a 40%) e para 10 agora.

No entanto, para conforto do presidente, a imagem de sua administração mostra-se estável junto ao eleitorado. Em abril, 37% consideraram o governo Lula ¿ótimo¿ ou ¿bom¿. Em maio esse número foi para 39% e ficou em 38% na pesquisa de ontem. O conceito de ¿regular¿ passou de 38% em abril para 37% e, agora, 40%. A avaliação de ¿ruim¿ ou ¿péssimo¿ tem hoje menos adeptos. Eles eram 23% em abril, 22% em maio e foram 21% nesta pesquisa.

APERTO

A margem de folga do presidente no primeiro turno, segundo o Datafolha, já havia sofrido um baque nos números divulgados em junho. Ele vinha com uma vantagem de 23 pontos (45% a 22%) em maio, e encolheu para 17 (46% contra 29%). Os dados de junho para o segundo turno também foram ruins para Lula: a vantagem de 17 pontos reduziu-se para 11.

Também no final de junho, uma pesquisa do Instituto Vox Populi injetou ânimo na campanha tucana, apontando um crescimento de 9 pontos para Alckmin. Ele passou de 23% das intenções de votos para 32% (na comparação com a pesquisa anterior) enquanto Lula caía 4 pontos - de 49% para 45%.

Os números do Datafolha e do Vox Populi coincidiram, naquele final de junho, na distribuição geográfica dos apoios, que mostrava o Brasil dividido em dois. Pelo Datafolha, Alckmin vencia no Sul (37% a 30%) e perdia por pouco no Sudeste (39% a 34%). São áreas onde ficam os maiores colégios eleitorais do País. No entanto, o tucano perdia por uma diferença expressiva (47% a 28%) no Norte e Centro-Oeste e encarava um desastre eleitoral no Nordeste (64% a 17%, no Datafolha).