Título: Maia ataca aceno do PSDB a Garotinho
Autor: Ana Paula Scinocca e Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2006, Nacional, p. A7

Ao admitir ontem que o apoio do ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PMDB) pode ser importante para alavancar sua candidatura no Estado - onde amarga um dos mais fracos índices entre os maiores colégios eleitorais do País -, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, provocou reação negativa de um aliado de peso, o prefeito do Rio, César Maia (PFL).

Irreconciliável adversário do casal Garotinho, Maia afirmou que a aproximação entre o grupo do ex-governador e o presidenciável tucano seria o "beijo da morte" para a candidatura do PSDB.

O namoro político entre Alckmin e Garotinho, ex-pré-candidato peemedebista a presidente, é patrocinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que telefonou para a governadora Rosinha Matheus (PMDB), mulher de Garotinho, conforme o Estado antecipou ontem.

"A rejeição a Garotinho por aqui é terminal. Provavelmente foi algum assessor marciano que deu esta sugestão a Fernando Henrique Cardoso", afirmou César Maia, em declaração ao Estado.

Em São Paulo, onde participou de café da manhã com lideranças de 11 partidos, Alckmin admitiu que eventual apoio de Garotinho pode ajudar. "Claro que quem foi candidato a presidente da República e teve uma votação expressiva tem votos", comentou o tucano.

Ao enfatizar que os integrantes de seu partido, assim como ele próprio, "têm grande respeito" pelo PMDB, Alckmin acrescentou: "Nós estamos trabalhando para ter o apoio de lideranças. Não houve ainda nenhuma decisão por parte dele (Garotinho)."

Em seguida, o tucano contabilizou uma série de importantes apoios obtidos junto ao PMDB. Listou Michel Temer, presidente da sigla, Eliseu Padilha, vice-presidente, além dos ex-governadores Jarbas Vasconcelos (PE), Luiz Henrique (SC) e Joaquim Roriz (DF) e do candidato em Mato Grosso do Sul, André Puccinelli.

CENÁRIO

O quadro político fluminense complica a possível aproximação de tucanos e peemedebistas no Rio, pelo menos no primeiro turno. O PFL apóia a candidata do PPS ao governo estadual, a deputada federal Denise Frossard. O PSDB tem outro candidato, o deputado federal Eduardo Paes.

Ambos defendem Alckmin e têm discurso de oposição ao governo estadual, comandado por Rosinha Matheus, cujo candidato é o senador Sérgio Cabral.

O senador, depois da derrota de Garotinho na tentativa de ser candidato a presidente pelo PMDB, fez alianças com prefeitos petistas no interior em torno da candidatura Lula, mas não hostiliza Alckmin e evita polêmicas. É visto como candidato do esquema dominante no Rio.

O líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ), também criticou a tentativa de aproximação de Alckmin e Garotinho. "A decisão é do candidato. Ele é que precisa ver se o apoio agrega ou desagrega. O que segura o nome do Garotinho são 400 rádios que ele tem, mas que ninguém sabe quem financia. Acho que não é esse tipo de apoio que Alckmin quer", afirmou o pefelista.