Título: No sétimo dia de ofensiva, israelenses matam mais 35
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2006, Internacional, p. A11

Aviões israelenses bombardearam ontem o Líbano pelo sétimo dia, matando 35 pessoas, e mais foguetes do grupo xiita Hezbollah atingiram o norte de Israel, matando 1 pessoa. Civis dos dois lados estão enfurecidos e amedrontados com os ataques, mas tanto Israel quanto o Hezbollah não mostraram nenhuma disposição de conter a ofensiva, que já deixou 239 mortos no Líbano e 25 em Israel.

"Nem sei mais onde era meu bairro", disse um libanês xiita, referindo-se ao local em que aviões israelenses destruíram a sede do Hezbollah, no sul de Beirute. "Eles ainda estão bombardeando a área para transformá-la em pó. Que tipo de crime é esse?", disse o homem, que se identificou como Hassan.

Hoje de madrugada, jatos israelenses bombardearam o sul de Beirute e as TVs da capital informaram que mísseis atingiram as cidades de Shweifat e Hadath e uma ponte em Sidon, mas não relataram vítimas. Um ataque atingiu um comboio de caminhões perto de Hadath.

Ontem um foguete caiu na cidade israelense de Nahariya, matando uma pessoa. Outros caíram em Haifa, onde um ataque do Hezbollah matou oito no domingo. O porto de Haifa ficou fechado pelo segundo dia.

No Líbano, nove membros da mesma família, incluindo crianças, foram mortas num ataque aéreo contra sua casa no vilarejo de Aitaroun, perto da fronteira com Israel. Dez pessoas morreram em bombardeios no Vale do Bekaa e no sul. Entre os mortos está brasileiro Basel Termos, de 7 anos (ler mais na página 13). Aviões de Israel também bombardearam postos do Exército no leste de Beirute, matando 11 soldados, incluindo 4 oficiais, e ferindo outros 30.

Israel acusou o Hezbollah de contrabandear armas da Síria, mas acrescentou que não considerava a Síria um alvo. A crise começou há uma semana, quando membros do Hezbollah invadiram o norte de Israel, seqüestraram dois soldados israelenses e mataram oito.

Depois de reunir-se com dirigentes do Líbano segunda-feira, enviados da ONU apresentaram ontem ao primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, e à chanceler Tzipi Livni um plano que incluiria a libertação dos dois soldados em mãos do Hezbollah e de um outro que o grupo islâmico palestino Hamas capturou no dia 25 em Israel.

Pela proposta, Israel pararia de bombardear Líbano e Faixa de Gaza, retiraria tropas e libertaria deputados e ministros do governo liderado pelo Hamas. A ONU enviaria uma força internacional de paz ao sul do Líbano e o Hezbollah pararia de lançar foguetes contra Israel.

Para Israel, primeiro os soldados têm de ser soltos, tropas libanesas devem ser estacionadas na fronteira e Hezbollah, desarmado. Mas o ministro da Segurança Pública, Aviv Dichter, disse que Israel pode ter de considerar a possibilidade de negociar a libertação de presos - exigência do Hezbollah - para pôr fim à crise. Não ficou claro se ele emitia opinião própria ou falava como membro do governo. REUTERS, AP E AFP