Título: Israel vai atacar por mais uma semana
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2006, Internacional, p. A11

A Casa Branca está segurando a pressão internacional para o fim imediato dos bombardeios israelenses no Líbano para permitir que Israel ganhe mais tempo de causar a maior destruição possível às bases do grupo islâmico libanês Hezbollah, de acordo com fontes britânicas, européias e israelenses. O presidente George W. Bush teria dado mais uma semana para Israel continuar bombardeando.

Fontes no meio diplomático ocidental disseram que essa "luz verde" tem um limite, motivado pelo temor de que um conflito prolongado poderia ficar fora de controle. As Forças de Defesa de Israel estimam precisar de 10 a 14 dias mais para atingir seu objetivo militar.

Bush, com o apoio do primeiro-ministro britânico Tony Blair, bloqueou os esforços para um cessar-fogo, iniciados no Conselho de Segurança da ONU, na cúpula do Grupo dos Oito (dos sete países mais ricos do mundo e a Rússia), realizada no fim de semana em São Petersburgo, e num encontro de chanceleres europeus em Bruxelas. Um dos objetivos dessa estratégia seria impor um forte revés ao Irã e à Síria, acusados pelos EUA e Israel de financiarem e instigarem as ações do Hezbollah e do grupo islâmico palestino Hamas.

Blair apoiou a proposta do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, de envio de uma força multinacional ao sul do Líbano, mas indicou que poderá levar meses para que isso aconteça.

"Há um raro momento em Washington. Existe uma espécie de consenso bipartidário de que os israelenses têm o direito de fazer o que quiserem para pôr fim a essa ameaça (do Hezbollah)", disse Geoffrey Kemp, assessor do Conselho de Segurança Nacional.

A preocupação dos EUA, dizem analistas, é que se a ofensiva militar israelense durar muito, poderá afetar outras regiões no Oriente Médio ou provocar a queda do governo do primeiro-ministro libanês, Fuad Siniora. Apesar de o frágil gabinete dele incluir dois ministros do Hezbollah, Siniora é tido como amigo dos EUA.