Título: Juro de crédito oficial pode cair
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2006, Economia, p. B1

O governo deve reduzir os juros dos empréstimos de médio e longo prazos concedidos com recursos dos fundos constitucionais de financiamento do Nordeste, Norte e Centro-Oeste, como o Finor. A idéia acompanhar as reduções da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que, desde março, caiu de 9% para 7,5% ao ano.

O dinheiro desses fundos financia desde indústrias até operações do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), com taxas de 6% a 14%.

O assunto foi discutido ontem, na segunda reunião em menos duas semanas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve com os presidentes dos bancos oficiais: Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (Caixa), Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Banco da Amazônia (Basa) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

No fim da reunião, o presidente do BNB, Roberto Smith, disse que a área jurídica do Ministério da Fazenda vai estudar a forma de reduzir os juros. Da conversa participaram também os ministros da Fazenda, Guido Mantega, do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, da Casa Civil, Dilma Rousseff, e do Planejamento, Paulo Bernardo, além do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

Segundo Smith, talvez não seja preciso mudar a legislação e a medida possa ser instituída por portaria. Isso porque a lei que trata desses fundos determina que os encargos dos financiamentos sejam revistos anualmente e sempre que a TJLP apresentar variação superior a 30%, para mais ou para menos. Ele relatou que Lula pediu, ¿o tempo todo¿, a redução dos juros e spreads para que o País deixe de ser recordista na área. Contou também que foi feita avaliação da composição dos spreads para ver qual seria a solução.

No primeiro encontro sobre o assunto, Lula havia feito um apelo para que os bancos procurassem oferecer mais crédito e reduzissem os spreads - diferença entre o que o banco paga pelo dinheiro e cobra do cliente.

Lula pediu empenho total da equipe econômica para que as instituições reduzam os spreads e, conseqüentemente, os juros cobradas dos clientes. Assim, o governo espera estimular a concorrência e acelerar a queda dos juros nos bancos privados. ¿O presidente está insistindo na redução dos juros¿, disse Smith.