Título: Agricultores protestam no RS
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2006, Economia, p. B8

Produtores rurais fizeram ontem manifestações nos municípios de Itaqui e Aceguá, nas fronteiras do Rio Grande do Sul com Argentina e Uruguai, pedindo a pesagem e a fiscalização de mercadorias agrícolas importadas desses países. Liderado por arrozeiros, o movimento pede o cumprimento da polêmica Lei Estadual 12.427, que proíbe a comercialização, a estocagem e o trânsito de arroz, trigo, feijão, cebola, cevada, aveia e seus derivados importados de outros países que não tenham sido submetidos à análise de resíduos químicos de agrotóxicos.

A lei foi vetada pelo governador Germano Rigotto (PMDB), por considerá-la inconstitucional, e promulgada pela Assembléia. O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz), Valter Pötter, disse que a principal preocupação é o descumprimento da lei, mas admitiu que as importações ¿predatórias¿ do grão estão afetando os preços dos produtos no mercado interno.

Depois de consecutivas altas, a cotação média da saca de arroz de 50 quilos no Estado apresentou recuo de 2,34% na semana passada e chegou a R$ 21,00, de acordo com levantamento do Instituto Rio-Grandense do Arroz. Os produtores atribuem essa redução no preço às importações. O setor também moveu ação pedindo o cumprimento da lei. Pötter disse que a entidade terá uma audiência hoje com Rigotto para discutir a questão.

De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Bagé, Paulo Ricardo Souza Dias, que acompanhou a manifestação em Aceguá, os produtores rurais estão concentrados em uma área particular na frente do porto seco da cidade. Os transportadores de 13 caminhões carregados de arroz que estão no pátio da aduana decidiram não movimentar a carga anteontem e ontem, informou o dirigente.

Pötter disse que em Itaqui os arrozeiros estão bloqueando a entrada de caminhões com o grão. Conforme análise da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as cotações do arroz no mercado interno e a variação do câmbio estimulam as importações do Uruguai e Argentina.