Título: PIB da China cresceu 11,3% no 2º trimestre
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2006, Economia, p. B9
A economia chinesa voltou a surpreender com uma expansão anualizada de 11,3% no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre. Foi a maior taxa desde 1995, apesar das tentativas do governo chinês de desacelerar o crescimento. No primeiro trimestre, a expansão foi de 10,3% e no semestre encerrado em junho, de 10,9%,informou ontem o Escritório Nacional de Estatísticas da China. Com isso, o PIB chinês atingiu US$ 1,14 trilhão.
Essa taxa ultrapassa amplamente a última previsão do Banco Popular da China, que foi de expansão de 10,3% no primeiro semestre e 10% no segundo. No semestre, os investimentos em capital fixo, principal indicador de aquecimento da economia, cresceram 29,8%, índice considerado ¿excessiva¿ pelo governo. Os investimentos urbanos, sozinhos, atingiram a taxa de 31,3%.
Na semana passado, o Ministério de Comércio da China informou que o saldo comercial do país alcançou US$ 61,45 bilhões entre janeiro e junho, 54,9% acima do resultado obtido no mesmo período de 2005. E a produção industrial cresceu 17,7% nos 12 últimos meses.
RAZÕES Desta vez, o ritmo de crescimento foi determinado, sobretudo, pela construção civil e pelo crédito bancário, além das exportações, suscitando especulações sobre um novo aumento dos juros para conter o crescimento. O último aumento ocorreu em abril deste ano.
Zheng Jingping, porta-voz do Escritório de Estatísticas, disse que o governo chinês deve pôr um freio nos empréstimos bancários e nos investimentos na construção civil. Autoridades chinesas alertaram que um crescimento tão acelerado poderia dar combustível à inflação, que fechou o primeiro semestre do ano em 1,3%, índice considerado modesto.
O outro temor do governo chinês é que a construção desenfreada de residências, fábricas e centros comerciais sature a oferta e provoque uma crise financeira caso as empresas de construção deixem de pagar os empréstimos que bancaram os empreendimentos. ¿Os investimentos em bens é excessivo e há superoferta de crédito. No longo prazo, isso vai provocar inflação, disse Jingping, numa entrevista coletiva. ¿Por isso, devemos prestar muita atenção às alterações de preços.¿
Mas, segundo o porta-voz, as medidas de controle demandam certo tempo para surtir o efeito desejado. ¿Precisamos de tempo para ver o impacto das medidas no desempenho da economia¿, disse ele. Para Stephen Green, economista do Standard Chartered Bank en Shanghai, a combinação de crescimento acelerado e inflação baixa manda sinais conflitivos aos responsáveis pela economia chinesa.