Título: Mercadante promete acabar com a Febem, 'o colégio do crime'
Autor: Gabriel Manzano Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/08/2006, Nacional, p. A8

O candidato do PT ao governo paulista, Aloizio Mercadante, defendeu ontem a extinção da Febem - que "virou um colégio do crime" - e criticou a política prisional que permite o convívio de presos pouco perigosos com os chefes do crime organizado. Como saída para o problema dos jovens infratores, sugeriu o Núcleo de Atendimento Integrado (NAI), experiência de ressocialização adotada em várias cidades do interior do Estado, como São Carlos.

"Colocar um menino do interior ao lado de casos especiais como o do Champinha, que é um facínora, vai gerar contaminação", afirmou o senador no ciclo de entrevistas Eleições 2006 no Estadão, numa referência a Roberto Aparecido Alves Cardoso, mentor do assassinato dos namorados Felipe Caffé e Liana Friedenbach, em 2003. Mercadante abriu a série de debates com candidatos ao governo do Estado que continua hoje, às 10h, com Orestes Quércia, do PMDB.

Ao propor a extinção da Febem, Mercadante comparou: "O índice de reincidência do NAI é de 3% e o da Febem seguramente maior que 60%." Sugeriu ainda mudanças no Código Penal para aumentar as penas de quadrilhas que utilizam menores em suas ações.

Mercadante também falou sobre as ações da facção criminosa Primeiro Comando da Capital, que teria encontrado condições favoráveis para crescer dentro dos presídios. "O PCC cresceu não por falta de presídio, mas por falta de governo. A política prisional misturou todos os presos, isso foi um desastre", criticou.

"Os salários da Polícia Civil são baixos, no Estado mais rico do País. E faltaram investimentos para a inteligência. A decisão sobre construção de presídios existe desde os anos 80", afirmou.

AGRICULTURA O problema do Movimento dos Sem-Terra (MST) no Pontal do Paranapanema, segundo ele, "é um conflito localizado e há condições de equacioná-lo, entre outras medidas, com bolsa-emprego para reduzir a demanda por terra".

O senador descreveu com entusiasmo o potencial agrícola do Estado. "Em quatro anos, queremos dobrar a produção do setor sucroalcooleiro." O Estado, lembrou, "é responsável por 76% do suco de laranja que o mundo consome". Em seguida destacou a nova matriz energética: "Vamos começar a substituir a nafta e a cadeia do petróleo por açúcar e cana."

Foram duas horas de debate, em alguns momentos tenso, em que o senador desfiou críticas aos 12 anos de gestão tucana no Estado e repetiu exaustivamente números favoráveis ao governo Lula - em especial os de inflação, emprego e exportações. No ataque, cobrou o PSDB "por não ter criado um fundo de previdência estadual e não ter feito ajuste fiscal".

Participaram da bancada de entrevistadores os jornalistas Celso Ming, José Nêumanne, José Márcio Mendonça, Paulo Moreira Leite e Josué Leonel, todos do Grupo Estado.