Título: Khatami pede visto aos EUA para discursar em Washington
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Fonte: O Estado de São Paulo, 23/08/2006, Internacional, p. A13

O ex-presidente iraniano Mohammad Khatami solicitou ontem visto de entrada nos Estados Unidos para poder discursar em Washington em setembro. O Departamento de Estado ainda não decidiu se permitirá sua entrada.

A solicitação do visto, para discursar num evento na Catedral de Washington em 7 de setembro surge em meio ao impasse diplomático entre Irã e EUA sobre o programa nuclear de Teerã, que as potências mundiais querem interromper.

"Recebemos hoje um pedido de visto do ex-presidente iraniano", disse um porta-voz do Departamento de Estado que não quis se identificar.

Indagado se Washington concederia o visto, ele respondeu: "Não especularemos sobre o desfecho de nenhuma solicitação de visto." Se recebê-lo, Khatami será o iraniano mais importante a visitar Washington desde o rompimento das relações entre os dois países, após a Revolução Islâmica de 1979 e a crise dos 52 americanos mantidos como reféns na embaixada dos EUA por 444 dias.

A Catedral Nacional confirmou que Khatami, cujo governo reformista cedeu o poder em 2005 ao presidente Mahmud Ahmadinejad, foi convidado a discursar num evento organizado pelo Centro de Justiça e Reconciliação Global da catedral.

A catedral disse não saber se Khatami conseguirá o visto. "Ele aceitou participar e está feliz por vir e discursar", disse uma funcionária.

O jornal The Washington Post disse ontem que o governo planejava conceder o visto, mas a Casa Branca não comentou o assunto. O Post citou o deão da catedral afirmando que seria uma honra oferecer a tribuna a Khatami. "O compromisso do presidente Khatami com o diálogo entre civilizações e culturas é parte importante do processo de paz. Isso é muito necessário no mundo hoje", disse o reverendo Samuel Lloyd.

A catedral informou que Khatami, antes de visitar Washington, deveria assistir a uma conferência na ONU em Nova York. Há severas restrições para qualquer iraniano visitar os EUA, à exceção da ONU, onde os diplomatas de Teerã circulam em uma área limitada.